Cinqüentenário do Golpe

Um presidente legitimo deposto e outro conduzido ao poder por homens armados marcam o início do Golpe de 64. Neste mês completa 50 anos. Existe uma parcela muito pequena da população que está sugerindo a saída da presidenta Dilma do poder. A possibilidade de golpe passou a ser temida porque o discurso desse grupo minoritário é muito semelhante ao daqueles que apoiaram o golpe de Estado em 1964: o tom nacionalista, a repulsa aos partidos, a ênfase no descontentamento com a corrupção. Porém, é importante destacar que esse grupo representa uma minoria entre os descontentes e está desorganizado: não possui um projeto de governo alternativo, não possui líderes. Além disso, o cenário internacional no qual vivemos é totalmente distinto daquele que “justificou” o golpe de 1964, marcado pela Guerra Fria e pelo conceito de guerra interna. E depois, o cenário internacional que vivemos valoriza a democracia e os Direitos Humanos, tornando remota a possibilidade dos governantes serem destituídos ilegalmente. Não devemos deixar cair no esquecimento. Golpe nunca mais. Ditadura nunca mais. Tivemos a criação das Comissões da Verdade, a abertura e ampliação de acesso aos arquivos do período, a realização de seminários e eventos sobre o tema, o debate sobre a desmilitarização da polícia, entre outras ações. Este esforço coletivo indica que ainda é necessária a luta pela construção da democracia no Brasil, e que ela envolve a disputa pela narrativa desta história. Não devemos esquecer que a ditadura militar, estabelecida com apoio internacional e das elites políticas e econômicas nacionais, se estendeu por 25 anos, redefinindo a cultura política do país. Até porque, hoje mais do que nunca,  é parte do necessário esforço de seguir contrapondo o discurso dos que, partidários do regime instaurado em 1964, também seguem ativos e acreditando nos mesmos ideais que levaram ao golpe há 50 anos. Esperamos que o Portal Brasil Cultura venha contribuir com a leitura crítica deste trágico período da nossa história, tarefa fundamental para a consolidação da democracia no presente.

Cláudio Ribeiro

Jornalista – Compositor

 

 

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