Cida Pedrosa é premiada pelo livro Araras Vermelhas e agradece ao PCdoB

 

O livro narra, através de “um longo poema”, uma comovente história de um dos episódios mais marcantes da luta contra a ditatura militar que brutalmente assassinou guerrilheiros e guerrilheiras do Araguaia.

A escritora pernambucana Cida Pedrosa, vereadora do PCdoB de Recife, recebeu o prêmio de melhor livro de poesia de 2022 por sua obra Araras Vermelhas na categoria Literatura. Organizado pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), a 67ª edição da premiação aconteceu na noite desta segunda-feira (17), no Teatro Sérgio Cardoso, na cidade de São Paulo.

Ao receber o troféu, Cida Pedrosa fez uma declaração emocionante e potente, falou dos seus pais, agradeceu a APCA pela premiação, a editora de seu livro, Companhia das Letras “por acreditar no voo das minhas palavras” e também ao seu partido, o PCdoB, “por ser testemunha e partícipe do meu livro”, proferiu a escritora.

 

No palco, Cida Pedrosa contou que é natural do sertão de Bodocó, no Araripe de Pernambuco e agradeceu os seus pais por sua criação e formação cultural. Deu um testemunho que seu pai só tinha o primário e sua mãe aprendeu a ler com uma tia. Porém, disse ela, “na nossa casa nunca faltou o cordel, porque eles acreditavam no saber como forma de mudar o mundo”, saudou a poetisa.

Foto: Jonatas Marques

Livro premiado

Araras Vermelhas conta, através de “um longo poema”, como a própria autora descreve, um dos episódios mais marcantes da luta contra o regime golpista de 1964 que executou brutalmente os guerrilheiros e guerrilheiras que lutavam na região do Araguaia por liberdade e democracia, no início dos anos de 1970.

Nesta obra prima, Cida Pedrosa constrói um retrato violento do autoritarismo do regime militar. É um esforço de não apagar da história brasileira como se dá os desmandos de regimes autoritários e ditatoriais. Porém, o livro revela ainda que há esperança de construção de um futuro melhor para o povo brasileiro. Cida também é autora do premiado livro Solo para Vialejo (2020) que recebeu o Jabuti.

Na solenidade, a escritora fez questão de destacar que seu livro Araras Vermelhas foi escrito em 2022, “ainda sob a égide de um governo autoritário e golpista. E eu traço, a partir de memórias coletivas de guerrilheiros e guerrilheiras e de minhas próprias memórias pessoais, um longo poema que vai de encontro a qualquer regime ditatorial”.

Ela encerrou sua fala clamando que a “arte existe e é necessária para a formação do pensamento crítico e feliz do país que lê”, disse Cida, completando que feliz “quem tem a capacidade de fazer um pensamento crítico através da arte A cultura salva. A cultura transforma!”.

“O Brasil voltou para os seus trilhos e cada um de nós pode, com sua arte, ajudar a esta pátria”, completou Cida, arrancando aplausos da plateia.

Cida foi a primeira pernambucana a receber o prêmio APCA. Foto: Roberto Jaffier

Premiação

A APCA premiou os melhores de 2022 nas categorias cinema, dança, literatura, música popular, artes visuais, arquitetura, rádio, teatro, teatro infanto-juvenil e televisão.

O cantor e compositor Milton Nascimento ganhou o “Grande Prêmio de Crítica” pela turnê de despedida dos palcos que realizou o ano passado.

 

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