A Casa Andrade Muricy reabre nesta quinta-feira, dia 09 de junho, com três novas exposições em seu espaço. Estarão acontecendo ao mesmo tempo: “Ex-libris: um acervo revitalizado” que apresenta uma parte do acervo de ex-libris da Biblioteca Pública do Paraná, com 400 obras totalmente restauradas. “Área de Serviço” com obras de José Bechara e “Passagens Simultâneas” com obras das artistas Bernadete Amorim e Eliane Prolik.
Segundo a diretora da Casa Andrade Muricy, Eleonora Guitierrez, estes artistas estão engajados no Projeto de Ação Inclusiva para Portadores de Deficiência Visual, que acontece desde 2002 na instituição e busca a interação deste público com os espaços das artes plásticas. Para este fim, a Casa tem sua infra-estrutura adaptada com textos explicativos em braile e conta com uma equipe de monitoria treinada.
Junto as exposições acontecerão também mais duas realizações do Projeto Debates na CAM, iniciado em 2002 e que busca promover discussões sobre temas referentes a arte contemporânea. Serão apresentadas as palestras, “Ex-libris: Um Acervo Revitalizado” no dia 22 de julho e “Arquitetura dos Museus e os Curadores: O Histórico de uma Relação Delicada” no dia 05 de agosto com o curador e crítico de arte, Agnaldo Farias.
As exposições estarão abertas até o dia 11 de setembro, com funcionamento de terça a domingo das 10 às 19 horas.
EX-LIBRIS: UM ACERVO REVITALIZADO
No próximo dia 09 de junho abre a exposição Ex-Libris: um acervo revitalizado na Casa Andrade Muricy, onde serão expostos cerca de 400 peças totalmente restauradas, as obras fazem parte do acervo da Biblioteca Pública do Paraná que possui 3.317 ex-libris e é considerado o segundo maior acervo de ex-libris no país.
Ex-libris significa “dos livros de…” e são etiquetas, carimbos ou selos utilizados na identificação dos livros. Geralmente colocados nas guardas internas dos livros, com o tempo se tornaram verdadeiras obras de arte, pois não contém somente a identificação de seus possuidores, mas também, imagens que transmitem a personalidade, a vivência e muitas vezes as aspirações dos caprichosos donos destes livros. Para a confecção dos ex-libris são utilizadas diversas técnicas de gravura, como a xilogravura, litografia, entre outros.
Na exposição participam várias obras de grande relevância histórica como o ex-libris que pertencia a Diogo Barbosa Machado, abade de S. Adriani de Server e fundador da bibliografia portuguesa, com data de 1730. Assim como algumas peças de pessoas de grande destaque no cenário nacional, como Vital Brasil, Lima Barreto, Oswaldo Cruz e Irineo Marinho, da Biblioteca O Globo.
A Casa Andrade Muricy também reúne na Sala de Personalidades Contemporâneas, ex-libris de artistas brasileiros contemporâneos, onde fica ressaltado o aspecto criativo e artístico destas pequenas obras de arte.
Houve um longo processo de restauração que foi aplicado a este acervo através do Projeto de Conservação do Acervo de Ex-Libris da Biblioteca Pública do Paraná e apoiado pelo MINC através da lei Rouanet. O processo durou cerca de um ano, onde todas as peças foram higienizadas para a remoção de resíduos, sofreram desacidificação e um acondicionamento em material adequado para melhor conservação dos exemplares. Esta exposição se deve a este processo, pois pela primeira vez este acervo estará reunido em um mesmo local para visitação pública e com as obras totalmente revitalizadas.
SIMULTÂNEAS PASSAGENS
A exposição Simultâneas Passagens abre nesta quinta-feira, dia 09 de junho, na Casa Andrade Muricy com as artistas plásticas Bernadete Amorim e Eliane Prolik. A mostra ocupará três salas localizadas no andar térreo da Casa onde, segundo as artistas, serão expostas peças com a intenção de transpor as impressões que ocupam o vão entre as passagens e os encontros.
Na primeira sala está exposta a obra de Bernadete Amorim, “Sem título”, construída com inúmeras peças de roupa miniatura recobertas por gesso. Localizadas abaixo da linha de visão do espectador, a enorme quantidade de peças e a diversidade de formas, unidas a brancura do gesso, as peças terminam por expandir o horizonte da sala.
Em seguida, apresentam os trabalhos da série “As Cruzadas” de Eliane Prolik, com esculturas que resultam do agrupamento de tesouras e pinças. Ao mesmo tempo em que se desfaz da idéia funcional do objeto, a artista busca associar o ato de cruzar da tesoura que está tão próximo quanto da intenção do corte.
Na última sala, as artistas expõem a obra “Pão e Mel”, com uma seqüência de impressões do corpo em poeira marcadas nas paredes. Segundo as artistas, a intenção da obra é romper a neutralidade da parede com a inclusão de marcas de sujeira e pó, que fazem uma alusão ao ato da passagem.
Estas duas artistas foram selecionadas para expor na Casa Andrade Muricy através do Projeto Artistas Paranaenses na CAM, onde os artistas plásticos podem apresentar propostas para a realização de exposições montadas visando o aproveitamento do espaço na instituição. Este projeto acontece desde 2002 e as inscrições este ano serão abertas em setembro, quando recebem propostas para 2006.
Mais informações podem ser adquiridas pelo site: www. pr.gov.br/cam .
ÁREA DE SERVIÇO
No próximo dia 09 acontece na Casa Andrade Muricy a abertura da exposição “Área de Serviço” do artista plástico convidado José Bechara.
A partir da utilização de diversos materiais de uso cotidiano, Bechara apresenta instalações com materiais que vão de móveis domésticos a lonas usadas de caminhão, fotografias e desenhos.
Segundo o curador da exposição, Agnaldo Farias, embora o artista opte por uma linguagem mais abstrata, procura sublinhar a participação do material e seu desgaste no contexto da obra. As perfurações, arranhaduras e escoriações destes materiais se apresentam como uma energia armazenada na obra.
Nesta mostra, Bechara apresenta peças de mobiliário, um corpo que sofre de espasmos, submetidas a uma espécie de explosão, atravessando a tranquilidade do lar e projetando fora excessos.
O artista carioca José Bechara também participou na 25º Bienal de São Paulo ocorrida em 2002.