Oito escolas celebram e exploram a cultura afro-brasileira, destacando figuras históricas, mitológicas e religiosas importantes para a identidade do país
O Grupo Especial do Carnaval do Rio de Janeiro para o ano de 2025 promete ser uma celebração da pluralidade e das histórias não contadas, com oito das 12 escolas do Grupo Especial optando por enredos que abordam a negritude e as culturas afro-brasileiras. A Viradouro que venceu em 2024 apresentando a tradição das serpentes na cultura africana, trará no próximo ano a homenagem a um líder quilombola que aprendeu sobre o poder das ervas com os povos indígenas brasileiros.
Há uma forte presença de enredos que celebram e exploram a cultura afro-brasileira, destacando figuras históricas, mitológicas e religiosas importantes para a identidade do país. Escolas como Mangueira, Paraíso do Tuiuti e Unidos de Padre Miguel estão entre aquelas que adotam essa abordagem, resgatando e dando visibilidade a personagens e tradições muitas vezes esquecidos ou marginalizados pela história oficial.
Há quem critique o carnaval do Rio de Janeiro por supostamente estar muito homogeneizado com esta temática. Mas os desfiles vão se confirmando como um espaço de resistência ao afirmar a cultura negra brasileira e suas personalidades, em meio a uma crescente intolerância religiosa e racial com esta pauta. O esforço dos carnavalescos tem sido buscar a criatividade para tratar destes temas de forma cada vez mais surpreendente e multifacetada.
Além disso, há uma tendência de homenagear personalidades e figuras importantes da cultura brasileira, como Laíla, Milton Nascimento e Xica Manicongo, evidenciando a diversidade de influências e contribuições para o cenário artístico e cultural do país.
Por outro lado, também encontramos enredos que exploram temas mais abstratos e especulativos, como a busca pelo futuro da humanidade (Mocidade Independente de Padre Miguel) ou as assombrações do folclore brasileiro (Unidos de Vila Isabel), adicionando uma camada de fantasia e imaginação ao Carnaval.
Um por um
Entre as escolas que optaram por abordar temáticas afro estão a Mangueira, com o enredo “À Flor da Terra – No Rio da Negritude entre Dores e Paixões”, que destacará a presença africana no Rio de Janeiro. A Salgueiro trará “Salgueiro de Corpo Fechado”, explorando a relação humana com a busca pela proteção espiritual.
A Viradouro, atual campeã do carnaval carioca, levará para a Sapucaí o enredo “Malunguinho: o Mensageiro de Três Mundos”, contando a história de um líder de quilombo que aprendeu com indígenas o segredo da força das ervas. Já a Paraíso do Tuiuti homenageará Xica Manicongo, considerada a primeira travesti do Brasil.
Outras escolas também trarão enredos afro para a avenida. A Portela homenageará o cantor e compositor Milton Nascimento, enquanto a Unidos da Tijuca apresentará um enredo sobre Logunedé, uma figura respeitada pelos mais velhos nos candomblés.
A Imperatriz Leopoldinense contará a história da visita de Oxalá ao reino de Oyó para visitar Xangô, enquanto a Beija-Flor de Nilópolis homenageará o saudoso carnavalesco Laíla. A Unidos de Padre Miguel voltará ao Grupo Especial com o enredo “Egbé Iya Nassô”, sobre a história da africana Iyá Nassô e do primeiro terreiro de Candomblé do Brasil, o Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho.
Esses enredos prometem não apenas entreter, mas também educar e celebrar as diversas culturas afro-brasileiras, destacando a riqueza e a complexidade das histórias que compõem a identidade nacional. O carnaval de 2025 no Rio de Janeiro será, mais uma vez, uma festa de diversidade e inclusão.
A Vila Isabel foi a última escola do Grupo Especial a anunciar seu tema para 2025, nesta quarta-feira (15), completando a lista das agremiações que apresentarão enredos para o próximo desfile. Paulo Barros volta aos temas da cultura pop ao apresentar as assombrações do folclore popular brasileiro. Junto com ele, a Beija-Flor homenageia seu carnavalesco morto por covid, a Grande Rio vai mostrar as riquezas do Pará, a Mocidade Independente Padre Miguel fala sobre o futuro. São as quatro escolas com temas que abordam de forma menos direta a cultura negra.
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