CABOCLO MODERNO: Um olhar sobre a viola. (artigo)*

Já é passado o rótulo de que o caipira é dotado de ignorância e ingenuidade. O personagem de Monteiro Lobato em Urupês, Jeca Tatu, não é mais tratado como identidade generalizada do caboclo brasileiro, que mudou o modo de se vestir, se tornou presente nos bancos de universidades, alçou novos objetivos além de sua cultura de subsistência, deixando aspectos de lado modificou até seu instrumento musical característico, a viola caipira.

Não se trata de um esquecimento da viola, mas a mudança mencionada é sobre a evolução deste rico instrumento, desde o seguimento da luthieria, os estilos empregados, técnicas, até sua forma de difusão.

Conhecida como viola brasileira, viola cabocla, sertaneja e outras variações proporcionadas por cada canto do Brasil, a viola caipira teve suas canções, afinações e lendas transmitidas do modo mais natural possível, pai para filho, vizinho para vizinho, geração após geração. E hoje? Diante de tanta tecnologia, a viola merece seu espaço, um olhar panorâmico nos dá a visão de uma metodologia de ensino sendo construída, material sendo disponibilizado de maneira acessível, o que nada mais é que uma mescla da boa vontade de violeiros consagrados junto à tecnologia disponível, que garante de uma forma nova, novos interessados e novos admiradores. Belo presente para o Brasil, e por que não o mundo?


Atravessando os trópicos, os violeiros estão encantando o mundo com o seu timbre atípico, e impressionando até mesmo aqueles que proporcionaram a chegada da viola no Brasil, para que daí por diante a modificássemos deixando-a única e irrevogavelmente brasileira.

Este momento de crescimento e expansão, mérito dos grandes violeiros que o Brasil teve e tem, deixa-nos a espera de novidades para nosso futuro e o ressaltar das glórias de nosso passado, pois o som de nossa cultura caipira não é mais de vitrola, mas a essência e grandeza ainda são as mesmas de décadas atrás.

 

Daniela Zandonai*

 

Daniela Zandonai é da cidade de Santa Izabel do Oeste, no interior do Paraná, mora em Curitiba há quase dois anos e tem a pretensão de fazer valer sua vertente musical. Trazendo a viola caipira como carro-chefe, mistura o folk, o country e a música de raiz na tentativa de um som singular no mercado.

 

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