Brasil fecha parceria para avançar no mercado cultural dos EUA

Ministro Gil

 O Brasil quer aproveitar o bom momento de exposição da cultura nacional no exterior para estimular sua produção cultural sem ter que colocar a mão no próprio bolso. Enquanto os franceses voltam seus olhos para os eventos do Ano do Brasil na França, o Ministério da Cultura (MinC) ataca em outra frente para promover projetos brasileiros e vai levar artistas para mostrar o país nos Estados Unidos.

Por meio da Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura (Sefic), o MinC está iniciando uma parceria com uma rede de cerca de 120 centros culturais norte-americanos para promover a circulação de artistas brasileiros, utilizando recursos do setor privado por meio da Lei Rouanet.

Interessado em abocanhar uma parcela dos US$ 700 bilhões que o mercado americano movimenta atualmente na área cultural, Sérgio Xavier, titular da Sefic, esteve nos EUA há cerca de 20 dias para se reunir e discutir os termos do acordo com empresários e produtores culturais dos dois países.

“É uma coisa impressionante a dimensão do mercado [americano] e a disposição das empresas em investir em cultura. É um mercado em que a gente precisa entrar porque há essa possibilidade de trabalhar sem nem precisar dinheiro público”, afirmou Xavier em entrevista à Folha Online.

Modelo adaptado

No cenário atual de arrocho no Orçamento do governo federal, em que o MinC ficou com menos da metade dos recursos que previa para 2005, Xavier espera cada vez mais se aproximar do modelo americano, onde o Poder Executivo investe uma pequena parcela na cultura com recursos próprios e o capital privado se encarrega de estimular o setor por meio das leis de incentivo.

“Dentro do país a gente também está trabalhando com isso. A Sefic foi criada para que nós pudéssemos aquecer esse mercado interno, motivar as empresas a investir cada vez mais, inclusive com recursos próprios, para que o Estado possa focar os seus recursos naquelas áreas em que o mercado não atua. O grande desafio nosso é fazer com que o mercado financie mais cultura.”

Um dos maiores eventos desta nova parceria deve acontecer no Broward Center for the Performing Arts, em Fort Lauderdale, no Estado da Flórida, em novembro deste ano. O projeto prevê a ampliação da tradicional “Brazil Night”, que acontece todos os anos com apresentações de artistas brasileiros, para um evento de uma semana de duração, que inclua nomes consagrados e desconhecidos, além de promover oficinas e troca de experiências.

“A idéia é, no princípio, dar um impulso com Lei Rouanet, com apoio governamental, e depois este processo continuar sem a necessidade de ter recurso público, ou seja, o artista brasileiro poder ter espaço lá via articulação com produtores locais, com empresas patrocinadoras, com circuito de centros culturais, para que possa se apresentar sem dinheiro público”, explicou Xavier.

Mark Nerenhausen, presidente do Broward Center, vem ao Brasil em abril para discutir os aspectos mais formais deste projeto e definir como se dará a circulação dos projetos brasileiros pelos centros culturais americanos associados.

Segundo Xavier, a empresa aérea TAM foi uma das companhias que já demonstrou interesse no projeto e que deve disponibilizar seu espaço cultural em Miami para a iniciativa.

“O conceito é levar o produto brasileiro para o mercado internacional, fazer com que este produto circule, tenha retorno financeiro e participe de maneira efetiva dentro do mercado”, declarou o titular da Sefic, ressaltando que o público alvo é o americano.

“É impressionante como nestes centros culturais há um interesse, há uma grande abertura para receber o produto brasileiro. A imagem que os Estados Unidos passa é de um país que quer só exportar, mostrar para o mundo o seu produto, mas lá dentro você percebe que grandes parcelas da população se interessam por coisas novas, pela diversidade da cultura planetária, e inclusive por muito da cultura brasileira”, se empolga Xavier.

Ainda sem falar nas cifras que a parceria envolve, o MinC esclarece que somente vai entrar na parceria com a articulação e com os mecanismos de isenção fiscal para as empresas com atividades no Brasil que resolvam patrocinar os projetos.

“O Brasil hoje está na moda, está na boca do mundo, o mundo está interessado pelo Brasil e a gente tem que aproveitar este momento para fortalecer a nossa indústria cultural e para garantir que essa indústria se consolide também no mercado interno”, disse o secretário.

 

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