Ao comemorar 196 anos, a Biblioteca Nacional recebe um presente de valor incalculável: mais de 6 mil itens que pertenciam ao acervo pessoal de José Olympio, dono da editora que levava seu nome. São livros e provas, originais, manuscritos e documentos de autores como Guimarães Rosa, José Lins do Rego, Cassiano Ricardo, Luis Fernando Verissimo e José Honório Rodrigues.
O material era mantido pelo próprio José Olympio, que morreu há 16 anos. A idéia de doá-lo foi de seu filho, Geraldo Jordão Pereira, e da família de Humberto Gregori, penúltimo proprietário da editora (que hoje pertence à Record).
A cessão foi oficializada no último dia 31, com a entrega de 137 caixas de papelão. Além dos livros, o acervo inclui 11 arquivos com 43 gavetas. Nas pilhas de papéis, estão preciosidades como provas com correções manuscritas de Manuel Bandeira. Há ainda capas, fotos de festas de lançamento e ilustrações usadas em publicações, além de grande quantidade de documentos e notícias antigas de jornais sobre a editora. Todo o conteúdo das caixas passará por processo de higienização e catalogação. Posteriormente, será disponibilizado para consulta.
Muniz Sodré, presidente da instituição, ficou embevecido e classificou a aquisição de “ouro em pó”. “O mais importante são os arquivos de José Olympio, de valor simbólico”, diz. Ele se refere especialmente a dedicatórias feitas pelos escritores e também à sua correspondência particular. Muniz lembra que a riqueza do acervo se deve ao fato de Olympio ter sido mais do que um dono de editora. “Ele foi um editor seminal, que, nas décadas de 30 e 40, aglutinava intelectuais em torno de si”, lembra. “Uma vez por semana, reunia todo mundo para bater papo. Era como um chá da Academia Brasileira de Letras, só que informal.”