1800 fotos são sorteadas entre sete bailarinos como ponto de partida para a realização dos movimentos. Assim, a obra é apresentada de forma diferente a cada sessão.
Nova obra da dupla de coreógrafos Ângelo Madureira e Ana Catarina Vieira, Baseado em Fatos Reais integra a programação Semanas de Dança do Centro Cultural São Paulo com apresentações gratuitas de 26 a 30 de maio (quarta a domingo, às 21h). A apresentação tem duração de 60 minutos e reúne no palco os bailarinos Beto Madureira, Luiz Anastácio, Marcela Sena, Patricia Aockio, Carolina Coelho, Ângelo Madureira e Ana Catarina Vieira. Contemplado com o programa municipal de Fomento à Dança, o espetáculo estreou no Sesc Consolação e foi apresentado na Virada Cultural. Depois da temporada no CCSP, terá sessões nos dias 2 e 3 de junho (quarta e quinta-feira às 21h), no Teatro Cacilda Becker.
Baseado em Fatos Reais é a 10º obra criada pela dupla – que iniciou a sua parceria em 2000, no universo das danças populares. Na finalização da trilogia, os materiais se reorganizaram a partir da história e vivência de cada um dos artistas que compõem o elenco. Durante a criação e montagem, cada artista foi estimulado a experimentar intensidades, volumes, respirações, tempos e lugares de uma mesma partitura, através das fotografias.
No palco, os sete bailarinos possuem um envelope com diversas fotos que foram escolhidas ao longo do processo e, durante a apresentação, os movimentos retratados nelas aparecem de formas diferentes na performance dos bailarinos. Baseado em Fatos Reais é uma obra que fala dela mesma e de seu processo de pesquisa e criação. A obra se modifica a cada apresentação e o material pesquisado vai se construindo ao longo do trabalho, o que permite que se perceba as diferentes histórias de cada um dos corpos na sua relação com a linguagem de Ângelo Madureira e Ana Catarina Vieira.
Dada a natureza dessa pesquisa, surgiu a inquietação com relação ao modo de apresentá-la. Existem formatos diferentes dos de um espetáculo, no qual artistas mostram e público assiste? Quais são as possibilidades formais de se compartihar um processo de pesquisa que pretende aproximar arte e vida? É possível transmitir a linguagem criada pela dupla para outros artistas? Estas entre outras questões foram feitas ao longo do processo de pesquisa, que aconteceu desde 2008 com as duas obras anteriores.
A mais recente criação de Ângelo Madureira e Ana Catarina Vieira completa a trilogia iniciada com O Nome Científico da Formiga (2008) e O Animal Mais Forte do Mundo (2009), o primeiro deles marcado pela questão da autonomia e o segundo, da territorialidade e competitividade. Ambos foram tratadas em um processo de colagem, que reciclou os materiais originais destas coreografias. Assumir a sua condição real, deixar de representar algo para começar a apresentar a sua própria vida e a sua realidade é uma das questões de Baseado em Fatos Reais. A obra tem a proposta de levar o público a repensar o que significa viver em um mundo cada vez mais apoiado em imagens que modelam os nossos desejos e condicionam os nossos comportamentos.
“As duas primeiras obras foram pensadas de outra forma. O processo da trilogia é com as fotografias, mas cada uma das obras é inédita e diferente uma da outra. Nesta, quisemos expor o processo de criação e pesquisa, reutilizar o material de movimentos que já foram pesquisados e aprofundá-los. Não fizemos uma coreografia, criamos uma forma de apresentar”, conta Ana Catarina Vieira. Como parte da linguagem, optou-se por utilizar o mínimo de recursos cênicos – não há cenário e a trilha é composta por sons de instrumentos artesanais que são manipulados ao vivo.
O processo de pesquisa do grupo partindo da dança popular e se aproximando da dança contemporânea começou em Somtir (2003), seguido em Outras Formas (2004), Como? (2005) e Clandestino (2006), abriu-se em uma nova etapa, formada por essa trilogia que se finaliza com Baseado em Fatos Reais. Assim, a obra levanta a questão da memória do presente. Uma lembrança dita ou retratada de um certo passado é constituída apenas de fragmentos do que se passou, é como o corpo pode retratar o que aconteceu no exato momento do agora. Por isso, estamos sempre nos baseando em fatos que já aconteceram ou não, para contar nossas historias “reais”.
BASEADO EM FATOS REAIS – De Ângelo Madureira e Ana Catarina Vieira. Direção Artística: Ângelo Madureira e Ana Catarina Vieira. Com Beto Madureira, Luiz Anastácio, Marcela Sena, Patricia Aockio, Carolina Coelho, Ângelo Madureira e Ana Catarina Vieira. Iluminação: Juliana Augusta Vieira. Indicação etária: livre. Duração: 60 minutos.
Dia 25 de maio, terça às 16h – Intervenção em todas as áreas externas do Centro Cultural São Paulo. Livre. Grátis. Duração: 60 minutos.
De 26 a 30 de maio, quarta a domingo às 21h, apresentações na programação Semanas de Dança do
Centro Cultural São Paulo. Rua Vergueiro 1000. Tel.: (11) 3277-3651. Capacidade: 324 lugares. Livre. Grátis.
Dias 2 e 3 de junho, quarta e quinta-feira às 21h, no Teatro Cacilda Becker. Rua Tito, 295. Tel.: 3864-4513. Capacidade: 195 lugares.
Centro Cultural São Paulo. Rua Vergueiro, 1000 – Metrô Vergueiro – Fone: 3397-4001
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