A avaliação de obras de arte é um processo que envolve inúmeras variáveis não podendo ser descrito com fórmulas ou padrões pré-estabelecidos. Cada obra de arte é única, por isso a Brasil Cultura analisa algumas características que podem apreciar ou depreciar seu real valor.
São as principais:
1. Artista – O fator determinante do valor de uma obra é a autoria da mesma, sendo que artistas da mesma época, escola e técnica podem atingir cotações distintas
2. Assinatura – É muito importante que a assinatura esteja presente. A falta desta pode tornar uma obra autêntica em “atribuída a”, depreciando seu valor.
3. Técnica – Outro fator determinante é a técnica utilizada pelo artista. Uma obra do mesmo artista pode valer 10 vezes menos dependendo da técnica utilizada. As obras mais valorizadas são o óleo sobre tela ou madeira e acrílico sobre tela ou madeira. Outras técnicas como guache, têmpera, aquarela, pastel sobre cartão ou papel são menos valorizadas que os óleos. Há ainda os desenhos e as gravuras, técnicas que diminuem o valor. (Leia mais na matéria abaixo)
4. Tamanho – O tamanho de uma obra também influencia em seu valor; geralmente, quanto maior, mais cara (lembrando que existem exceções).
5. Outros – Existem outros fatores que podem influenciar o valor de uma obra de arte, como fase do artista, tema, estado de conservação, histórico, origem da compra, participação em exposições, cenário econômico e câmbio.
Para se determinar o valor real de uma obra, é necessária a análise de um profissional com conhecimento técnico e experiência.
A primeira coisa a considerar é definir que o tipo de artista enfocado neste contexto local é aquele com perfil profissional relacionado ao tempo que dedica à sua produção e qualificação.
INCLUI: O artista que estuda outros artistas e a sua contextualização artística e social, observa suas técnicas, tem o hábito de criar constantemente, está sempre rabiscando desenhos, idéias ou projetos, tem a intenção explícita de se colocar no mercado e busca conhecimentos à respeito, seja em cursos ou na convivência com outros artistas que admira.
NÃO INCLUI: Pessoas que realizam atividade artística como lazer embora pense que o resultado disso é bonito e pode vender.
6. ACESSO AO MERCADO DE ARTE LEGITIMADO:
Por uma questão de proteção dos interesses e imagem pública de todas as partes, inclusos e não inclusos, é necessário saber observar este critério inicial para o acesso ao mercado profissional. Primeiro para não deixar o simpatizante de arte passar vergonha e se frustrar com o convívio artístico e segundo para criar um ambiente que valorize quem realmente se esforça em construir um trabalho mais profundo e qualificado.
7. CRITÉRIOS DE GRADUAÇÃO ENTRE ARTISTAS:
TEMPO: O tempo dedicado à produção e ao estudo de seu fazer artístico. Um artista que passa o tempo todo produzindo, com certeza acabará com um trabalho mais elaborado do que um artista que tenha pouco tempo para produzir, mesmo que ambos os processos sejam baseados em pesquisas e reflexões qualificadas e que suas intenções sejam comprometidas com uma carreira profissional. Não tem como escapar da máxima – “a prática leva à perfeição”.
Subjetivamente, ao analisar as possibilidades de um artista, sempre me pergunto o que ele estará fazendo daqui a 5 anos. Se meu palpite for de que ele continuará envolvido com sua arte, vejo nele um bom fator de investimento.
8.APRESENTAÇÃO:
A forma como apresenta seu portfólio ou mesmo suas obras mostrará também a forma como ele se articula com o sistema de arte e seu grau de profissionalismo. Pastas sujas, folhas soltas, textos com erros de português ou frases mal articuladas, não é bem visto e tem a tendência a ser encarado como amadorismo. São muito poucos artistas que tem atitude suficiente pra fazer disso um estilo e mesmo assim sua aceitação no mercado passa por um “upgrade” na forma de apresentá-lo que ´poderá ser produzido pelo próprio “marchand” ou galerista. O consumidor de arte atual é bombardeado por produtos “bonitinhos” e acostumou-se a optar por trabalhos bem acabados, com boa apresentação e mesmo quando não são, a mídia trata de enquadrá-los para que sejam consumíveis. Trabalho sujo, torto, rasgado, caindo, puído…dependendo do conceito, pode até ser uma boa proposta na exposição, mas sua comercialização perde para quem tem apresentação mais organizada.
9. QUESTÕES DE MOLDURA:
A não ser que o artista deseje ser consumido apenas por seus colegas artistas ou “experts” do ramo que se aproveitam da falta de moldura para comprar barato, a moldura ou um suporte rígido faz toda a diferença na hora da aquisição. Pendurar trabalho de papel ou tela, sem moldura ou bastidor, direto na parede com grampinho, clips, pregos, durex, dupla face, pode até garantir a visibilidade e até ter seu charme e razões, mas com certeza dificulta a aquisição. A primeira coisa que o público pensa é como vai pendurar “isso” . Eles querem chegar em casa e apreciá-lo imediatamente na parede, preferencialmente combinando com o sofá. Pensar em escolher a moldura, pagar mais um tanto para colocar um suporte e só ter a obra na sala duas semanas depois da compra com certeza vai pesar e vai fazer com que ele opte por comprar um outro trabalho já emoldurado ou com o suporte resolvido. Então, aconselho a não deixar pra ele pensar qual a moldura ficará melhor, pois muitos deles acreditam que o artista é que deve propor essa essa solução.
10. TRABALHOS BIDIMENSIONAIS
Tudo que puder ser colocado na parede com raras exceções é considerado bidimensional: desenho, foto, gravuras, pintura à óleo, pintura à acrílica, aquarela, sobre tela, sobre papel, sobre tecidos…enfim.
Considerando artistas com o mesmo estilo de currículo/nível profissional, para mensurar preço devemos ter em mente, tamanho, reprodutibilidade e durabilidade dos materiais.
Reproduzo aqui critérios básicos de avaliação usados por galerias e avaliadores em geral:
11. Técnica – A valorização de uma obra obedece a seguinte escala:
-
óleo e/ou acrílica sobre tela e/ou madeira e cartão;
-
guache ou têmpera sobre cartão ou papel;
-
aquarela, pastel, lápis de cor e ecoline sobre papel;
-
desenhos a nanquim, carvão, sangüínea, sépia e lápis;
-
gravuras (litografia, xilogravura, gravura em metal, serigrafia);
-
fotografia.
“Técnicas de pintura” – Acrílico
“Técnicas de pintura” – Aerografia
“Técnicas de pintura” – Afresco
“Técnicas de pintura” – Aguarela
“Técnicas de pintura” – Anamorfose
“Técnicas de pintura” – Chiaroscuro
“Técnicas de pintura” – Colagem
“Técnicas de pintura” – En plain air
“Técnicas de pintura” – Encáustica
“Técnicas de pintura” – Grattage
“Técnicas de pintura” – Guache
“Técnicas de pintura” – Laca
“Técnicas de pintura” – Luminismo
“Técnicas de pintura” – Muralismo
“Técnicas de pintura” – Nigelagem
“Técnicas de pintura” – Onion skinning
“Técnicas de pintura” – Pastel
“Técnicas de pintura” – Pintura a óleo
“Técnicas de pintura” – Pintura corporal
“Técnicas de pintura” – Pintura digital
“Técnicas de pintura” – Pintura eletrostática
“Técnicas de pintura” – Pirografia
“Técnicas de pintura” – Sanguínea
“Técnicas de pintura” – Sfumato
“Técnicas de pintura” – Têmpera
“Técnicas de pintura” – Tenebrismo
“Técnicas de pintura” – Tinta a óleo
“Técnicas de pintura”- Mise en abyme
12. Outros critérios
-
A participação de uma determinada obra em algum movimento artístico ou exposições valoriza, assim como ter obras citadas ou reproduzidas em livros e/ou catálogos.
-
Existem épocas onde alguns temas e artistas são mais procurados pelo mercado.
-
A falta de assinatura poderá diminuir o valor de uma obra de arte.
Por exemplo: Considerando dois artistas com currículos similares, aquele que apresenta uma aquarela tamanho A4 ficará deselegante (e financeiramente desinteressante) se quiser ter o mesmo preço que o óleo sobre tela de seu colega no mesmo tamanho.
No caso de tridimensionais, normalmente esculturas em geral, a construção de valor vai depender do tamanho da obra, sua reprodutibilidade ou não e da durabilidade do material com que foi construído.
Por exemplo, um Toy Art de 30 cm de pano não é o mesmo preço que uma escultura em bronze de 30 cm, levando-se em conta autores com currículos similares. Se quem fez o Toy Art já participou de uma Bienal e quem fez a escultura em bronze nunca fez uma exposição, o Toy pode até valer mais ou tanto quanto.
13. O MERCADO “ALTERNATIVO”
Que mercado existe para o artista que está desenvolvendo uma carreira ou mesmo iniciando-se?
A maioria dos espaços expositivos não comercializa arte por falta de perfil comercial ou infra-estruturas para tanto.
Existem muitíssimos locais expositivos, mas pouquíssimos com estímulos à aquisição das obras. Se houver interesse em adquirir, normalmente cabe ao próprio interessado entrar em contato direto com o artista, isso se houver alguma indicação de contato no local. Exceção para as raras exposições com pessoas preparadas para dar informações sobre o artista. Logo, em geral, esses contatos não acontecem e as vendas muito menos.
Para artistas que estão buscando colocação no mercado e sua sustentabilidade, atualmente, podemos citar, como espaços dinâmicos, as feiras e bazares que acontecem em galerias alternativas e ateliês. Os demais trabalham essencialmente com artistas já consagrados ou não possuem perfil voltado ao desenvolvimento de (novas) relações comerciais.
Ou seja, nesta relação de aquisição, para público médio e artistas locais em ascenção, o mercado divide-se basicamente entre lugares que vendem muito caro e de difícil acesso por um lado e, por outro lado, lugares que estão começando e que contam com o cooperativismo entre seus protagonistas, todos com a mesma situação econômica – público médio, artistas e agentes.
14. PROPOSTA DE TRABALHO = UNIR ESFORÇOS ENTRE ARTISTAS E AGENTES
Mostra-se como um caminho de articulação das relações sustentáveis entre artistas e público estimular a venda das obras à preços acessíveis, aumentando a circulação e favorecendo a aquisição por parte do grande público, evitando o encalhe e a limitação do próprio sistema artístico.
O CURRÍCULO DO ARTISTA FAZ PARTE DO PREÇO SUA OBRA
Em nosso mercado, pessoas com poder aquisitivo elevado compram artistas consagrados que facilmente tem liquidez e voltam a virar dinheiro.
É importante que o artista tenha consciência sobre seu currículo e de sua real qualificação.
O artista que não é conhecido e não tem maiores atrativos, ao se colocar numa galeria alternativa, num bazar, feira de atelier ou outros projetos similares, terá mais sucesso se pensar na composição de seu valor com equilíbrio e bom senso.
Um parâmetro interessante pode ser aquele que cobre os custos materiais e que acrescente 200 ou 220% relativos à criação e porcentagem de venda.
Cobrar “preço de arte” é pra quem já fez exposição oficial individual, já foi pra mídia e já foi reconhecido pelos críticos do sistema. (e normalmente já vendeu “barato” um dia…)
É preferível ir com calma, ser acessível e ter o prazer de ser reconhecido e retribuído por alguém que com certeza estará dedicando um suado dinheiro por este artista; um futuro colecionador que sentirá orgulho de sua aquisição, que vai falar para várias pessoas da arte deste artista e divulgar seu nome.
O artista deve ter em mente o quanto de dinheiro ele próprio teria disponibilidade de gastar adquirindo arte. Porque com o outro essa relação seria tão diferente se somos, a grande maioria, a mesma classe média?
Quando o artista já estiver num ritmo de vendas mais freqüente – “super pop”, daí pode pensar em aumentar. Se ele se destacar na mídia ou receber um prêmio pode pensar em aumentar, mas caso contrário é mais promissor ser realista com o contexto de público que temos.
É claro que sempre será melhor poder cobrar mais, com certeza o agente (marchand) prefere ganhar mais, mas para que isso aconteça é importante artistas e agentes unirem esforços para resgatar uma cultura de consumo de arte, que anda muito fraquinha por aqui, mostrando o quão prazeiroso pode ser adquirir arte, sem doer no bolso e boicotar a idéia…
É claro que este assunto é muito mais longo e não se esgota por aqui, aliás, sendo bem específico, cada caso é um caso, a intenção foi apenas criar uma referência.