ATO PÚBLICO CONTRA A LEI SECA EM LONDRINA
DIA 20 DE NOVEMBRO, 17 h, TERÇA-FEIRA.
Loca: Concha Acústica
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A fraude moralista da Lei Seca
Ao que parece, principalmente pela postura conservadora dos vereadores de Londrina, em breve a cidade irá adotar uma legislação que tem como objetivo reduzir o consumo de bebidas alcoólicas e a criminalidade, obrigando bares a fecharem às 23 h e impõe exigências absurdas para funcionamento dos restaurantes.
Para uma cidade que desde os anos 40 recebeu nos cabarés mais animados do país, os principais artistas brasileiros diretos da Rádio Nacional e do Cassino da Urca, é um retrocesso cultural. É como se castrasse a alma criativa e cultural de Londrina.
Como pensava o modernista antropofágico Oswald de Andrade, “Não, a moral fácil de abster-se do álcool, ou seja, do prazer”, pois o que se pretende com a Lei Seca é a fraude de receitar o remédio errado em nome de uma ação politicamente demagógica e moralmente hipócrita.
Pesquisas realizadas em Diadema pelo Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial demonstram que a redução da criminalidade é fruto de um rol de ações políticas de segurança, sociais e econômicas e não do fechamento de bares. Em Santos, Ribeirão Preto e São José dos Campos, cidades com perfil econômico mais próximo ao de Londrina, os índices de redução são similares a Diadema e não há Lei Seca, mas sim policiamento efetivo integrado à comunidade.
A cerveja consumida há milhares de anos é do tempo do Egito dos faraós e o vinho é tão antigo que nem se sabe quando foi criado. Mas quis o destino que na Pequena Londres, um grupo de legisladores mal informados sobre o conceito de gestão do território, nos releguem à mediocridade enquanto civilização que precisa negar o prazer de tomar um chopp com os amigos, sob a falsa pretensão de controlar o animus dolandi de uma sociedade moderna, cosmopolita e criativa.
Se Tom Jobim morasse na Londrina da Lei Seca seria um anônimo e Vinícius de Moraes não faria poesia. Pixinguinha fugiria tocando Lamento, os Modernistas de 22 seriam os “Sem Modernidade”, Itamar e Arrigo Barnabé, quem? O FILO não existiria, pois a subjetividade que alimenta a criação estaria reprimida. Seremos apenas uma cidade de alma triste trajando pijama.
A Lei Seca deve ser aprovada por acordos internos dos vereadores, e ficará para a cidade o saldo do desemprego de artistas, músicos, garçons, cozinheiras e a redução em cadeia da atividade econômica cultural e turística, inclusive na geração de receita tributária. Para aqueles que gostam de comparar a cidade com Maringá e Joinvile, mirem mais embaixo, pois estamos prestes a viver dias de Diadema.
Fórum Permanente de Cultura de Londrina