Artistas e intelectuais estrangeiros se pronunciam contra o golpe

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Artistas e intelectuais estrangeiros divulgaram, nesta quarta (24), uma carta contra o impeachment da presidenta eleita Dilma Rousseff. No texto, personalidades como o cineasta Oliver Stone (Platoon), a atriz Susan Sarandon (Thelma & Louise) e o ator Viggo Mortensen (Senhor dos anéis) reforçam a denúncia internacional do ataque à democracia brasileira.

 

“Nos solidarizamos com nossos colegas artistas e com todos aqueles que lutam por democracia e justiça em todo o Brasil”, diz a carta, que tem versão em inglês e português. Para as 22 celebridades que assinam o documento, o impeachment tem motivação política, sua base jurídica é “amplamente questionável” e há “evidências convincentes” de que “estão tentando remover a presidenta com o objetivo de parar investigações de corrupção nas quais eles próprios estão implicados”.

 

O texto critica ainda a substituição de um ministério diversificado, comandado por uma mulher, por um governo de homens brancos, que extinguiu o Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e dos Direitos Humanos.

 

Para os artistas, o que está acontecendo pode atrasar o progresso do país em termos de inclusão social e econômica por décadas. Eles destacam ainda a importância do Brasil na América Latina e fazem um apelo para que os parlamentares que votarão no processo de impeachment respeitem o resultado das urnas.

 

“Esperamos que os senadores brasileiros respeitem o processo eleitoral de 2014, quando mais de 100 milhões de pessoas votaram (…)Se este ataque contra suas instituições democráticas for bem sucedido, as ondas de choque negativas irão reverberar em toda a região”, afirma a mensagem.

 

Entre os signatários, estão também Danny Glover (ator), Noam Chomsky (linguista), Eve Ensler (autora de “Monólogos da Vagina”), Brian Eno (músico), Harry Belafonte (cantor) Tariq Ali (escritor e cineasta), Alan Cumming (ator), Frances de la Tour (atriz), Deborah Eisenberg (escritora), Stephen Fry (ator), Daniel Hunt (cineasta), Naomi Klein (escritora), Ken Loach (cineasta), Tom Morello (músico), Michael Ondaatje (escritor), Arundhati Roy (escritora), John Sayles (diretor e roteirista), Wallace Shawn (ator) e Vivianne Westwood (estilista).

 

Organizações dos EUA também denunciam “golpe legislativo”

 

A iniciativa se soma a uma série de manifestações contrárias ao impeachment vindas de todas as partes do mundo. De acordo com a Folha de S.Paulo, paralelamente à carta dos artistas, um declaração de um grupo de 44 organizações norte-americanas também afirma que a democracia brasileira está “em grave risco”. Entre as entidades que assinam o documento, está a central sindical AFL-CIO, que possui mais de 12 milhões de membros.

 

“Em maio passado, o Congresso brasileiro orquestrou um golpe legislativo, afastando a presidenta Dilma Rousseff em meio a acusações forjadas de má gestão fiscal. Deputados e senadores usaram um discurso de ódio sexista, invocando crenças religiosas e até mesmo elogiado o torturador da presidenta Rousseff em sua campanha de difamação”, diz a declaração.

 

No início do mês, o senador norte-americano Bernie Sanders condenou o golpe de Estado em curso e pediu apoio aos trabalhadores brasileiros.

 

Leia abaixo a íntegra da carta de artistas e intelectuais, divulgada pelo escritor Fernando Morais:

 

24 de agosto de 2016

 

Nos solidarizamos com nossos colegas artistas e com todos aqueles que lutam pela democracia e justiça em todo o Brasil.

 

Estamos preocupados com o impeachment de motivação política da presidenta, o qual instalou um governo provisório não eleito. A base jurídica para o impeachment em curso é amplamente questionável e existem evidências convincentes mostrando que os principais promotores da campanha do impeachment estão tentando remover a presidenta com o objetivo de parar investigações de corrupção nas quais eles próprios estão implicados.

 

Lamentamos que o governo interino no Brasil tenha substituído um ministério diversificado, dirigido pela primeira presidente mulher, por um ministério compostos por homens brancos, em um país onde a maioria se identifica como negros ou pardos. Tal governo também eliminou o Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e dos Direitos Humanos. Visto que o Brasil é o quinto país mais populoso do mundo, estes acontecimentos são de grande importância para todos os que se preocupam com igualdade e direitos civis.

 

Esperamos que os senadores brasileiros respeitem o processo eleitoral de 2014, quando mais de 100 milhões de pessoas votaram. O Brasil emergiu de uma ditadura há apenas 30 anos, e esses eventos podem atrasar o progresso do país em termos de inclusão social e econômica por décadas. O Brasil é uma grande potência regional e tem a maior economia da América Latina. Se este ataque contra suas instituições democráticas for bem sucedido, as ondas de choque negativas irão reverberar em toda a região.

 

Tariq Ali – Writer, journalist and filmmaker

Harry Belafonte – Civil rights activist, singer and actor

Noam Chomsky – Professor Emeritus of Linguistics at MIT, theorist and intellectual

Alan Cumming – Actor and author

Frances de la Tour – Actor

Deborah Eisenberg – Writer, actor and teacher

Brian Eno – Composer, singer, visual artist and record producer

Eve Ensler – Playwright, author of The Vagina Monologues

Stephen Fry – Broadcaster, actor, director.

Danny Glover – Actor and film director

Daniel Hunt – Music producer and filmmaker

Naomi Klein – Writer and filmmaker

Ken Loach – Filmmaker

Tom Morello – Musician

Viggo Mortensen – Actor and musician

Michael Ondaatje – Novelist and poet

Arundhati Roy – Author and activist

Susan Sarandon – Actor

John Sayles – Screenwriter, director and novelist

Wallace Shawn – Actor, playwright and comedian

Oliver Stone – Filmmaker

Vivienne Westwood – Fashion designer

 

 

 

Do Portal Vermelho

 

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