Ariano Suassuna: integração regional e medo de avião

Eu sou um entusiasta do Brasil e do povo brasileiro”. Entre falas sobre a integração do regional do país, o escritor  paraibano Ariano Suassuna contou histórias de sua vida e a cultura brasileira,
tudo entremeado de muito humor, na 1ª Conferência Nacional de Desenvolvimento Regional, em  Brasília.

 

“Integração Nacional é uma coisa que me toca muito. Porque eu sou um  nordestino, apaixonado pelo Nordeste, mas o nordeste como integrante dessa  grande comunidade que é o Brasil, o povo brasileiro.” Apesar do grande apreço  pela integração regional, Ariano ressalta que não gosta nem um pouco de viajar.
“As pessoas pensam normalmente que eu só não gosto de viajar de avião. Eu não  gosto de viajar de jeito nenhum, avião é só a pior [maneira de viajar]”.

Assista o vídeo em que Ariano Suassuna fala sobre o medo de viajar de avião

 

Para explicar a integração regional do país Ariano destacou uma frase de Alceu  Amoroso Lima:

“Do Nordeste para Minas correu um eixo que não por acaso segue o  curso do Rio São Francisco, o rio da unidade nacional. A esse eixo o Brasil tem  que voltar de vez em quando se não quiser se esquecer de que é  Brasil”
A frase, dita por “um grande brasileiro nascido e criado no Rio de  Janeiro”, segundo Suassuna, tem de ser contextualizada. “Já que ele teve essa  grandeza,  não sendo nem mineiro nem nordestino, de falar desse eixo, nós,  nordestinos e mineiros, temos o dever de explicar que esse eixo não se esgota aí  não, ele se prolonga pro Norte até a Amazônia, pro Sul até o Rio Grande e  do  Nordeste vai até o Centro Oeste”.

 

Ariano Suassuna também valorizou a cultura do país. Quando foi professor de  história da cultura brasileira, surgiu uma reunião no departamento em que  trabalhava para mudar o nome da matéria que lecionava para história da cultura  do Brasil, com a justificativa de que a cultura brasileira não existia, porque  era ocidentalizada. “Eu disse, pois então mude o professor”, conta ele. Para  Suassuna a universalização da cultura tem base em sua regionalização. “Eu não
conheço ninguém universal de início.Universal é um grande autor nacional e local  que se universalizou pela qualidade”.

Ariano Suassuna exemplifica na prática a universalidade de uma cultura nacional

O autor de uma série de romances, entre eles Auto da Compadecida, Ariano conta  que as duas alegrias que tinham na infância eram a leitura e o circo. “Não quero  nem papel nem dinheiro, eu quero fundar um circo”, conta. Ariano lembra de  quando estudava em uma escola pública no Sertão da Paraíba.

“Eu estudava lá no Sertão da Paraíba, eu morava em uma cidadezinha bem pequena, Itaperoá. Quando eu ia pra aula de manhã, eu estudava em uma escola  pública, depois do almoço eu me deitava em uma cama e abria o livro. Vocês não  podem imaginar a alegria que era pra mim. Era como se um mundo novo se abrisse  diante de mim. Então, com esse entusiasmo desde o início eu queria ser escritor,  o autor de livros era para mim pessoa da mais alta importância. Mas a outra  alegria era o circo”.Quando dizia “o circo chegou”, o mundo já melhorava.

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