Poesia é, antes de tudo, uma atitude artística. Graças a ela somos convidados a experimentar o interessante universo das sensações.
O que é poesia?
A poesia está presente nas mais diversas manifestações artísticas: na literatura, nas artes plásticas, na fotografia, no teatro, na dança ou na música
O que é poesia?
Parece uma pergunta fácil de ser respondida, tamanha sua ingenuidade. Como delimitar algo que não tem limites? Como categorizar a poesia, quando essa ganha diferentes sentidos, atingindo uma subjetividade que dificilmente poderá ser dimensionada? Responder a esse questionamento não é tarefa fácil nem mesmo para os mais hábeis artistas e poetas, que vivem rodeados pela linguagem poética e os múltiplos significados que dela podem emergir.
Sobre as origens da poesia:
A poesia como uma forma de arte é anterior à escrita. Os primeiros poemas, datados de antes de Cristo, apenas foram compostos em forma poética para que sua memorização fosse facilitada, assim como sua preservação, visto que a transmissão oral nem sempre o fazia de maneira eficiente. A poesia está entre os primeiros registros de grande parte das culturas letradas, o que comprova que desde sempre o homem se interessa pela linguagem voltada para fins estéticos. É na poesia que a palavra desvincula-se de seus significados habituais e alcança diferentes acepções, em um jogo inusitado entre significante e significado, apresentando elementos que subvertem as funções da linguagem e a ela conferem aspectos metafísicos que transcendem o universo das coisas palpáveis (ou explicáveis).
A poesia e o gênero textual poema:
A poesia comumente é vinculada ao poema, contudo, essa relação não é exclusiva, tampouco indissociável. A poesia pode estar em todas as coisas, até mesmo nos mais corriqueiros dos gestos, nas mais despretensiosas atitudes. A poesia reside também nas diferentes manifestações artísticas, e não apenas na literatura: há poesia nas artes plásticas, na fotografia, na música, no teatro e em tudo aquilo onde se deposita a vontade de provocar no leitor ou no espectador uma experiência sensorial. Percebê-la é uma questão íntima e individual, pois o que soa poético para mim pode não representar nada para o outro. A poesia só existe quando é plenamente compreendida.
Para Paulo Leminski, a poesia só existe quando há entendimento entre emissor (aquele que escreve) e receptor (aquele que lê) *
Embora a maioria dos dicionários defina a poesia como uma composição poética pouco extensa composta por versos, é equivocado limitar a poesia ao gênero literário poema. A poesia é comunicação, efetuada por meio de palavras ou não, geralmente permeada por conteúdos psíquicos, sejam eles de ordem afetiva, sensorial ou conceitual, sempre repletos de sensorialidade ou sentimentalidade.
Oswald de Andrade está entre os mais importantes nomes da primeira fase do modernismo brasileiro
Poesia e literatura:
É inconteste, porém, a simbiose entre a poesia e a literatura, por isso, quando indagados sobre “o que é poesia”, fazemos uma associação imediata entre a poesia e o poema, como se um elemento fosse fundamental ao outro, como se fosse um irremediável caso de sinonímia. Entretanto, é bem verdade que existem poemas sem poesia, esvaziados da intenção de provocar sensações no leitor; mas um poeta que sabe a função da arte nunca abre mão de despertar para o universo sensorial o receptor da mensagem. Sobre a poesia, fala-nos Vinícius de Moraes, um dos maiores e mais populares poetas de nossa literatura:
“O material do poeta é a vida. Por isso me parece que a poesia é a mais humilde das artes.” Vinícius de Moraes **
“(…) O material do poeta é a vida, e só a vida, com tudo o que ela tem de sórdido e sublime. Seu instrumento é a palavra. Sua função é a de ser expressão verbal rítmica ao mundo informe de sensações, sentimentos e pressentimentos dos outros com relação a tudo o que existe ou é passível de existência no mundo mágico da imaginação. Seu único dever é fazê-lo da maneira mais bela, simples e comunicativa possível, do contrário ele não será nunca um bom poeta, mas um mero lucubrador de versos (…)”.
Publicado por: Luana Castro Alves Perez em A arte da palavra: a Literatura
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