Outro ramo da antropologia que ganhou grande estatura, e uma projeção que saltou para bem além das suas fronteiras de investigação, foi o da antropologia cultural. Isto deveu-se pela impressionante ampliação do seu campo de ação, englobando a lingüistica, a arqueologia e a etnologia (descrição ou crônica da cultura de uma tribo ou povo), estudos esses que referem-se ao comportamento do homem, particularmente no que diz respeito às atitudes padronizadas, rotineiras, que genericamente chama-se de cultura. Entenda-se que para o antropólogo a palavra cultura adquire uma outra dimensão do que a que convencionalmente entendida. Não se trata de identificá-la, a cultura, com erudição ou sofisticação, como é comum associar-se essa palavra, mas sim de utiliza-la para definir tudo aquilo que o homem faz, pois, para o antropólogo, cultura é forma de vida de um grupo de pessoas, uma configuração dos comportamento aprendidos, aquilo que é transmitido de geração em geração por meio da língua falada e da simples imitação. Não se trata de um comportamento instintivo, mas algo que resulta de mecanismos comportamentais introjetados pelo indivíduo.
Áreas de Interesses
Além da religião, fazem parte da cultura os modos de alimentar-se (“O cru, o assado e o cozido”, brilhante ensaio de Lévi-Strauss, mostra a variação dos procedimentos das tribos com o alimento), de vestir-se, de combater ou de seguir os rituais religiosos. Os antropólogos que seguem por esta senda podem até ser divididos naqueles que se interessam em procurar aquilo que é comum entre as várias culturas espalhadas pelo mundo, e aqueles outros que têm o seu interesse voltado exclusivamente para o que é original, singular, único, naquela cultura. Seus olhos e ouvidos voltam-se então para a magia, para os mistérios anímicos, o medos aos “manes”, aos fantasmas, a linguagem dos sonhos, para a mitologia e as concepções cósmicas, para o significado dos totens, para o sistema de parentesco e os procedimentos nupciais, para as tatuagem e automutilações, os sacrifícios, tudo isto entendido pelos antropólogos como “linguagens” especiais passíveis de serem estudadas, compreendidas e catalogadas.