Amigos do pianista e compositor Johnny Alf lamentaram hoje sua morte, aos 80 anos, após uma longa luta contra um câncer na próstata. “Ele era muito querido, um dos precursores da bossa nova, como Dick Farney, Lucio Alves. Abriu os caminhos pra gente com aquela maneira de tocar piano, com influência do jazz”, disse o compositor Carlos Lyra
Johnny Alf é autor de clássicos da música brasileira como “Eu e a Brisa”, “Ilusão à Toa” e “Rapaz de Bem”. Ele tinha um jeito todo seu de tocar piano, com espaço para o samba, a bossa nova, o jazz e a música pop. “Todo mundo ia assisti-lo: Tom Jobim, João Gilberto, Dick Farney, Dolores Duran, Sylvinha Telles. Era muito discreto, correto, gentil, humilde, sossegado, delicado, educado, carinhoso, uma pessoa fina,” continuou Lyra.
Para a cantora e compositora Joyce, a obra de Johnny é “incrível”, e deveria ter sido mais divulgada fora do País. “Em 2002, consegui arrastá-lo pra fazer show no Japão, onde há grande mercado para bossa nova e jazz. Fiquei surpresa ao saber que ele só tinha ido lá uma vez. Era uma pessoa fechada, tímida, não queria sair da zona de conforto que tinha na noite de São Paulo”, disse.
Sergio Ricardo, compositor e cantor, também lamentou a perda. “Era um mestre, um ídolo para a geração de artistas que o antecedeu e também para seus contemporâneos. Ele só não explodiu na mídia por causa da grande qualidade da música: era boa demais, não era comercial, embora pudesse agradar a qualquer um que ouvisse. E acho que o racismo prejudicou, apesar de dizerem que isso não existe no Brasil.”
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