Américo Jacomino, o Canhoto, conhecido também como Canhoto do Violão, compositor e instrumentista, nasceu na rua do Carmo, em São Paulo, em fevereiro de 1889 e faleceu no dia 7 de setembro de 1928. Filho de imigrantes napolitanos, nunca freqüentou escola, tendo aprendido a ler e a escrever em casa, com o pai e o irmão mais velho, Ernesto, que tocava violão e bandolim. Desde garoto interessou-se por violão, que ele tocava, mesmo sem inverter as cordas, na posição de canhoto, o que deu origem a seu nome artístico.
Aos 16 anos começou sozinho a aprender cavaquinho, época em que já tocava em serenatas. Ao mesmo tempo arranjou emprego de pintor de painéis, chegando a fazer pinturas murais em casas elegantes de São Paulo. Em 1907, durante uma serenata no bairro da Mooca, conheceu o cantor Paraguaçú, com quem começou a apresentar-se em cinemas, ganhando 5 mil-réis por noite.
Assim, tocou no Cinema Bresser, da Rua Bresser (Brás), no Cine Brás Bijou, da Avenida Rangel Pestana, e no Éden-Teatro, da Rua Mauá, apresentando-se também em circos e restaurantes. Em 1913, já conhecido na capital paulista como bom violonista, gravou pela primeira vez, na Odeon, na série 120.000, a valsa Belo Horizonte, a polca Pisando na mala, o dobrado Campos Sales e a mazurca Devaneio.
Em 1916 gravou suas valsas Beijos e lágrimas e Acordes do violão, primeiro título de Abismo de rosas, peça clássica do violão brasileiro. Em 1918 gravou os tangos Madrugando e Recordações de Cotinha. Na época da Primeira Guerra Mundial, compôs a Marcha triunfal brasileira e, em 1919, foi convidado, com uma garota de dez anos, Abigail Gonçalves (mais tarde a cantora lírica Abigail Alessio), a formar um trio com Viterbo Azevedo, para apresentações teatrais, em que Viterbo encarnaria o Jeca Tatu, famoso personagem de Monteiro Lobato.
No mesmo ano o Trio Viterbo-Abigail-Canhoto estreou em São Paulo e em seguida excursionou por cidades do interior mas teve sua carreira interrompida em Poços de Caldas MG, onde Viterbo foi assassinado. Em dezembro foi para o Rio de Janeiro, dando um recital de violão no Teatro Lírico. De volta a São Paulo em 1920, iniciou a produção de músicas carnavalescas, embora continuasse a compor outros gêneros. Lançou, para o Carnaval daquele ano, Ai, Balbina e no ano seguinte Já se acabô (ambas com Arlindo Leal).
Ainda em 1922 deu um recital no Cinema São José, em Itapetininga/SP Na ocasião, conheceu Maria Vieira de Morais, filha de um político local, e casou com ela no dia 22 de setembro do mesmo ano, tendo no cartório se declarado italiano. Instalou-se em São Paulo, onde abriu loja de instrumentos musicais. Em 1923, ao lado de Paraguaçu, foi um dos pioneiros da Rádio Educadora Paulista, primeira emissora do Estado.
Em 1925 gravou a Marcha triunfal brasileira e regravou Abismo de rosas. Ainda em 1925, em Avaré/SP, onde dera um recital, conheceu Joubert de Carvalho, que na época estudava medicina no Rio de Janeiro, tornando-se seu amigo. Pouco depois, Joubert dedicou-lhe uma canção, Os teus olhos. Um ano depois gravou como cantor a Marcha dos marinheiros e no ano seguinte o samba Só na Bahia é que tem (ambos de sua autoria), pela Odeon, o segundo regravado em seguida por Francisco Alves.
Em fevereiro de 1927, no Rio de Janeiro, participou do concurso O que é Nosso, patrocinado pelo jornal Correio da Manhã e realizado no Teatro Lírico, quando executou três músicas de sua autoria, a Marcha triunfal brasileira, Viola, minha viola e Abismo de rosas, vencendo o concurso e recebendo o título de Rei do Violão Brasileiro.
De volta a São Paulo, organizou o grupo Turunas Paulistas, com quatro violões, dois cavaquinhos, flauta, saxofone, reco-reco, maracaxá e pandeiro.
Em março de 1928 retornou ao Rio de Janeiro, gravando algumas de suas composições em solos de violão e de cavaquinho. Durante uma dessas gravações começou a sentir-se mal, sendo atendido por seu amigo, já médico, Joubert de Carvalho. Em seu último disco, gravou a valsa Mexicana e o cateretê Uma noite na roça (com João do Sul). Voltou a São Paulo, onde, por influência do sogro, foi nomeado lançador da prefeitura.
Contudo, voltou a sentir-se mal do coração, e os médicos aconselharam-no a tratar-se com o cardiologista Miguel Couto no Rio de Janeiro, onde tencionava fazer novas gravações. Pouco depois seu estado de saúde se agravou, sendo então trazido para São Paulo, onde morreu.
faleceu no dia 7 de setembro de 1928
Você Sabia?
A primeira profissão de Américo Jacomino foi a de pintor de painéis, onde a princípio fazia apenas traços e letras. Com o domínio da profissão, chegou a realizar trabalhos de maior envergadura como paisagens, que eram muito utilizadas nas paredes das residências elegantes de São Paulo.
Américo foi denominado Canhoto pelo curioso fato de tocar o violão com a mão esquerda, sem inverter as cordas. Diferentemente da técnica tradicional, o violonista feria as cordas agudas do instrumento com o polegar da mão esquerda e as graves com os dedos anular, médio e indicador.
Em 1978, por ocasião dos 50 anos do falecimento de Américo, foi lançado pela Continental o LP “Homenagem a Américo Jacomino”, com a participação de diversos violonistas, entre os quais, seu filho Luís Américo Jacomino, que utilizou o violão que lhe pertencera.
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