A volta triunfal de Beth Carvalho

Enquanto esteve de cama, durante os quase dois anos que levou para se recuperar de um problema na coluna, Beth Carvalho não pareceu ter perdido a tranquilidade. As rodas de samba armadas por suas visitas provavelmente ajudaram. Mas o retorno da Madrinha do Samba à vida artística também prova que ela não parou de trabalhar: seu recém-lançado disco Nosso Samba Tá na Rua traz, pela primeira vez em 15 anos, um repertório essencialmente inédito.

 

Em entrevista a cantora conta que já tinha vontade de lançar um trabalho nesses moldes há tempos, mas que a dinâmica do mercado fonográfico adiava o projeto. “Do LP passou para o CD. Tinha que digitalizar os sucessos, e as inéditas foram dispensadas. Depois, veio o DVD, e era a mesma coisa. Você tinha que registrar em imagem e áudio seus sucessos. A coisa vai caminhando dessa maneira, e acaba que a gente deixa de gravar inéditas por conta desse processo”, explica Beth.

 

A foto da capa do disco, feita no Cacique de Ramos, é representativa do momento vivido pela sambista no trabalho: rodeada de novos e velhos parceiros

 

Houve músicas novas em trabalhos como o CD Pagode de Mesa (1999) e nos DVDs A Madrinha do Samba ao Vivo (2004) e Beth Carvalho Canta o Samba da Bahia (2008). Mas, só de inéditas, em estúdio, o último foi mesmo Brasileira da Gema (1996). “Dessa vez eu falei ‘não, agora vou fazer e pronto’”, diz a cantora, que aproveitou o repouso forçado para ouvir com calma e digitalizar seu acervo de mais de 4 mil sambas. “Isso tudo foi me empolgando. Daí eu comuniquei aos compositores que iria fazer um disco de inéditas, e choveu música – tanto que, do meu acervo, só aproveitei “Palavras Malditas” do Nelson Cavaquinho [e Guilherme de Brito]”, conta.
Novos e velhos

Entre nomes como Arlindo Cruz, Marquinho PQD, Dona Ivone Lara (a quem Beth Carvalho dedica o disco) e até Chico Buarque (autor da versão para “Minha História”, de Lúcio Dalla e Paola Pallottino), algumas canções trazem à tona uma nova geração muito elogiada pela cantora. “Acho que o Leandro Fregonesi e o Rafael dos Santos [autores de ‘Chega’ e ‘Samba Mestiço’ – com Ciraninho] estarem com dois sambas no disco é muito significativo. O Daniel Oliveira também tem um aval grande, por ser parceiro do Almir Guineto [e Adalto Magalha em ‘Tambor’]. E tem o Edinho do Samba, outro compositor excelente. ‘Tô Feliz Demais’ é um achado” diz Beth, que escolheu também uma canção de sua filha, Luana Carvalho, autora de “Arrasta a Sandália”, com Dayse do Banjo. “A nova geração está muito boa”, diz.

 

Os “estreantes” surgem no álbum mais maduro da carreira de Beth, de acordo com ela mesma. De acordo com a sambista, a longa experiência que acumulou permitiu uma forma amadurecida de trabalho, “sem afobação”, com tranquilidade, certezas e amplo leque de temas – Beth selecionou, com a ajuda de um júri de 69 convidados, 15 entre 25 músicas pré-escolhidas para compor o CD – que falam de samba, carnaval, Estação Primeira de Mangueira, Cacique de Ramos, amor, desamor, feminismo, questões sociais, negritude.

 

“Tô feliz demais. Pela volta, por ter feito um disco de que eu gostei, por ter minha filha no disco, por ter tido uma crítica boa. Todo mundo está falando bem. Tem aceitação na rádio, está tocando. Tudo isso é uma volta forte, triunfal”, diz.
Serviço

– Nosso Samba Tá na Rua.

 

– Beth Carvalho.

 

– Andança/EMI Music.

 

– Preço médio: R$ 22,90.

 

– Samba.

 

Fonte

 

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