A Nova Escola e a perspectiva emancipadora

 

 Por Ramon Alves

O senso comum há tempos proclama que a escola é a nossa segunda casa. E isso foi sendo incorporado e reproduzido pelos discursos educacionais ao longo dos anos. Na realidade, a escola como uma instituição do aparelho ideológico do Estado, é um espaço de reprodução da ideologia dominante que a utiliza para moldar, ou seja, “adestrar” a nossa juventude em seu âmbito.

A escola, além disso, é um espaço contraditório. Ela pode tanto ser um palco de manutenção do “status quo” através da desconstrução da memória, da valorização do individualismo e da competitividade, como um espaço de questionamento desses valores e da ordem vigente. Por isso, presenciamos no cotidiano das escolas públicas um palco incessante de conflitos.

A partir da análise da estratificação da sociedade, nós da UBES, enxergamos a necessidade da construção da escola laica, gratuita e de qualidade para todo o nosso povo. É nesse contexto que se situa a luta pela Nova Escola.

A Nova Escola deve está assentada por um projeto pedagógico que coloque a perspectiva de compreensão da nossa realidade social e, a partir de uma análise crítica, podermos interferir de forma transformadora na sociedade, dando um salto qualitativo no processo histórico.

A ciência e a técnica são essencialmente transformadoras. Mas com o advento do capitalismo, todos os meios de produção foram circunscritos à uma única classe social deixando a margem do processo produtivo milhões de pessoas que se viram forçados a vender sua força de trabalho como única forma de sobrevivência.

Marx nos deixou o legado de que o meio de superarmos esse antagonismo histórico passa pela organização dos que hoje se encontram a margem da apropriação dos meios de produção.

Mas para as pessoas lutarem é necessário saber por que estão lutando. As relações de força material no sistema capitalista engedram outras relações de força simbólica cujo objetivo principal é manutenção do “status quo” através da dissimulação. Ou seja, na escola ocultam o fato do por quê, na nossa sociedade, uma pequena parcela da população tem condições de ter o que a revolução técnico-científica produziu de mais avançado e outra grande parcela da humanidade não tem nem o que comer.

Nesse sentido, a ciência e a tecnologia devem estar a serviço da maioria da população, servindo para a emancipação do povo.

É neste sentido, que a Nova Escola encontra seu eixo principal: a politização da juventude. A Nova Escola deve preparar o estudante para a inserção qualitativa na sociedade e para uma ação transformadora, através da alfabetização, desenvolvimento das potencialidades artísticas, esportivas, culturais e da elevação da consciência.

A potencialização da participação política da nossa juventude é uma tarefa primordial da Nova Escola, ou seja, aumentar o nível de participação da sociedade na luta por seus direitos e por um novo rumo social.

Acima de tudo, enxergamos a escola como um importante espaço de disputa e de construção de uma nova etapa dentro do processo histórico, mas não o único espaço. Além disso, é necessário acumularmos forças em outros setores da sociedade, sob a perspectiva da construção de uma sociedade justa, que tenha como objetivo o desenvolvimento integral das potencialidades humanas.

Ramon Alves
Diretor Geral de Escolas Técnicas da UBES

 

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