A literatura chilena de ontem e hoje

 

De Pablo Neruda a Alejandro Zambra, o Chile tem uma extensa tradição literária. O país que já viveu uma ditadura sangrenta nas mãos de Augusto Pinochet celebra a democracia em sua literatura

Com pluralidades étnicas, culturais, sociais e políticas, a América Latina costuma revelar grandes escritores. Um dos lugares mais reconhecidos no meio literário mundial é o Chile, único país da região que recebeu duas vezes o Prêmio Nobel. A literatura chilena é marcada, principalmente, pela poesia. Essa característica ficou ainda mais evidente nas duas edições do Nobel, que foram conquistadas pelos poetas Gabriela Mistral, em 1945, e Pablo Neruda, em 1971.

Nascida em 7 de abril de 1889, na cidade de Vicuña, no Chile, Gabriela Mistral foi ainda educadora e diplomata. Seus livros reúnem temáticas sobre amor, memórias pessoais, mágoas e recuperação. Ela morreu em 10 de janeiro de 1957, em Nova York, nos Estados Unidos. Já Pablo Neruda é um dos principais destaques da poesia mundial do século XX. Ele também foi diplomata, senador e embaixador na França durante o governo de Salvador Allende. O autor morreu, aos 69 anos, no dia 23 de setembro de 1973, em Santiago.

Ditadura no Chile

A literatura chilena do século XX foi influenciada ainda pela ditadura militar, que iniciou em 11 de setembro de 1973, com o golpe que derrubou o presidente Salvador Allende. Ele foi o primeiro chefe de estado socialista marxista eleito de forma democrática na América. Comandada pelo general Augusto Pinochet, a ditadura deixou pelo menos 40 mil vítimas de torturas, prisões, mortes e sequestros entre os anos de 1973 e 1990.

Neruda morreu 12 dias depois do início da ditadura. No entanto, mesmo após a sua morte, o poeta tornou-se um símbolo de resistência no país. Seus textos são ainda utilizados como base para outros escritores e reforçam os problemas políticos e sociais do Chile.

Outros autores

Além dos clássicos, como Gabriela Mistral e Pablo Neruda, o Chile continua popularizando grandes autores. Entre os principais nomes da literatura contemporânea latino-americana estão Alejandro Zambra, autor de Múltipla-escolha, e Marcela Serrano, de Doce inimiga minha.

“A casa dos espíritos”, de Isabel Allende

Primeiro romance da escritora Isabel Allende, A casa dos espíritos conta a saga da turbulenta e numerosa família Trueba, cujo patriarca é o senador Esteban Trueba. Com uma narrativa caracterizada por uma notável lucidez histórica e social, o livro oferece um painel contundente da história chilena, entre 1905 e 1975. Combinando magia e realidade, Isabel Allende confere à obra sua visão do realismo fantástico.

“Múltipla escolha”, de Alejandro Zambra

Alejandro Zambra é um dos principais escritores chilenos contemporâneos. A partir da estrutura da Prova de Aptidão Verbal, aplicada entre os anos de 1966 e 2002 aos candidatos a vagas em universidades do Chile, o autor cria relatos com fragmentos líricos e exercícios de linguagem para retratar problemas éticos. O livro reúne temas que desafiam a sociedade, como edução, desigualdade e memória. Múltipla escolha, de Alejandro Zambra

“Confesso que vivi”, de Pablo Neruda

O escritor Pablo Neruda é um dos principais autores da literatura mundial. Confesso que vivi é a autobiografia do poeta latino-americano, famoso por sua militância política em defesa dos movimentos libertários. A obra, a única em prosa de Neruda, é considerada um clássico das letras espanholas.

“2666”, de Roberto Bolaño

Lançado um ano após a morte de Roberto Bolaño, 2666 é considerado o principal romance do escritor chileno. Com os temas sobre violência e literatura, o livro é composto de cinco romances, interligados por dois dramas centrais: a busca por um autor recluso e uma série de assassinatos na fronteira entre o México e os Estados Unidos. 2666, de Roberto Bolaño

“O dia em que a poesia derrotou um ditador”, de Antonio Skármeta

Em O dia em que a poesia derrotou um ditador, Antonio Skármeta conta a história de Nico, que testemunha seu pai, o professor Santos, ser detido pela polícia durante a ditadura militar do Chile. Enquanto isso, o pai de sua namorada, o publicitário Adrián Bettini, assume a direção da campanha televisiva contra a reeleição do general Augusto Pinochet. Enquanto Nico procura notícias sobre o paradeiro do pai, Adrián tenta convencer uma nação de que vale a pena lutar pela democracia. O dia em que a poesia derrotou um ditador

“Doce inimiga minha”, de Marcela Serrano

Uma das principais escritoras chilenas contemporâneas, Marcela Serrana explora o universo feminino por meio de 20 narrativas curtas no livro Doce inimiga minha. Com cenários e enredos diversos, os contos evocam sentimentos com os quais toda mulher precisa lidar. Do Chile à Bósnia, da Itália à Croácia, em cidades grandes ou pequenos vilarejos, acompanhamos mulheres vulneráveis, mas destemidas. Apesar de seus medos, elas se veem em situações em que são obrigadas a se reinventar.Doce inimiga minha, de Marcela Serrano

“Sangue no olho”, de Lina Meruane

Este é o livro de estreia da escritora Lina Meruane no Brasil. Sangue no olho narra a história de uma mulher que vê tudo ao seu redor se modificar quando percebe que está quase cega. A enfermidade – seus olhos se encharcam de sangue – é tratada por Leks, o médico russo que a submete a um extenuante périplo de exames, sem nunca chegar a um diagnóstico.

Fonte: EstanteBlog

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