A Esquerda e a Trincheira Democrática: Entre a Crítica e a Ação – Artigo de Cláudio Ribeiro

 

Para ter relevância histórica, a esquerda precisa entender a realidade política e atuar dentro do governo, sem cair na passividade ou na ilusão de soluções fáceis.

 

 

A esquerda, se quiser ter relevância histórica e política, precisa compreender a realidade em que está inserida. Isso significa não apenas apontar erros e insuficiências do governo Lula, mas reconhecer sua importância como um dique democrático contra o avanço do neofascismo e do neoliberalismo extremo.

Não é um governo de esquerda. Isso é um fato. Mas é a trincheira possível num país onde a extrema-direita se reorganiza rapidamente e tenta consolidar um modelo de fascismo contemporâneo, alinhado a movimentos autoritários pelo mundo. A ilusão de que bastaria eleger Lula para que o Brasil reencontrasse um caminho progressista nos leva ao erro duplo: o da acomodação e o do descolamento da realidade.

A esquerda não pode se permitir nem a passividade de quem apenas sustenta o governo sem crítica, nem o imobilismo de quem se recusa a agir por considerar que o governo não atende plenamente às suas expectativas. É necessário atuar dentro do governo, cobrando avanços, denunciando retrocessos e propondo alternativas reais, sem perder de vista a correlação de forças que estrutura o jogo político e econômico.

A extrema-direita não espera. Pelo contrário: se articula, ocupa espaços, investe em comunicação e mobilização. Lança discursos populistas, simplifica questões complexas e seduz parcelas da sociedade com a promessa de ordem e força. Se a esquerda não compreender a urgência do enfrentamento ideológico, será atropelada. Resistir significa avançar, e não apenas preservar o que se tem.

A responsabilidade histórica da esquerda é clara: não permitir que o país volte ao pesadelo autoritário, mas também não se contentar com pouco. Entre a complacência e a paralisia, há um caminho de ação firme, crítica e propositiva. Se a esquerda não se movimentar, a extrema-direita o fará. E a história já mostrou o preço de se deixar espaços vazios.

 

Cláudio Ribeiro

Jornalista – Compositor

Formação em Direito

Pós Graduado em Ciências Politicas

História do Brasil

 

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