Ricardo Cravo Albin fala sobre Confete

 

 

 

Confete – sou testemunha – jamais negou paixão e apetência para com os folguedos do povo, projetando seu olhar solitário sobre as tramas e as artimanhas do canto, da dança, do fazimento da arte popular exercitada no Rio. Agora, nosso D. Oba II D’África (sua personificação do personagem no desfile da Mangueira ficará para sempre na memória afetiva dos que amam o samba) se sai com este CD. Um disco que, a partir do título SOU RAÇA, reconfirma e qualifica todo seu legado generoso. E por quê? Simplesmente porque o disco bebe de fontes limpas e cristalinas.

São as fontes que nutriram bambas do Império ou da Portela, gente da estirpe de Silas de Oliveira, Mano Décio da Viola, Dona Ivone Lara, ou mesmo Manacéia e até Paulo da Portela.

Portanto, já que me referi à nobreza das fontes de Confete, quero aduzir que ouvi-lo me soa como beber uma caipirinha bem tirada: limões frescos e partidos com apuro, adicionados com discreto açúcar à cachaça de alambique envelhecido. Daquelas que, ao primeiro gole, você estala a língua e deixa invadir-se pela sensação de bem estar. De quase felicidade.

Ricardo Cravo Albin

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