Carnaval 2

É a maior manifestação de cultura popular do país, ao lado do futebol. Misto de folguedo, festa e espetáculo teatral, envolve arte e folclore. Sua duração aumenta, com o passar dos anos. Inicialmente, era uma festa que se estendia pelo domingo, a segunda e a terça-feira anteriores à Quaresma (os quarenta dias de reflexão reservados pelo catolicismo como preparativos da celebração da morte de Cristo, na Semana Santa). Com o tempo, o início da festa recuou um dia, para o sábado; depois mais outro, para a sexta. Nos últimos anos, há bailes em toda a semana pré-carnavalesca.
Na sua origem, o Carnaval é uma festa de rua. Na maioria das grandes capitais, no entanto, acabou sendo concentrado nos sambódromos e bailes de clubes e é para muitos apenas um show na TV.
Os ritmos preferidos para os que brincam no Carnaval são o samba, a marchinha, marcha-rancho, o frevo pernambucano e, nos últimos anos, novidades introduzidas pelos “trios elétricos” baianos (fricote, deboche, timbalada, axé music etc.).

Primeiros carnavais – O Carnaval chega ao Brasil no século XVII, com o nome de entrudo (o princípio da Quaresma), trazido pelos portugueses como forma alegre, mas agressiva, de brincar: as pessoas jogam água umas nas outras e os chamados limões de cheiro (de odor desagradável), misturados com farinha de trigo e às vezes cal. Algumas cidades brasileiras, como Cruz Alta (RS), mantêm a tradição desses banhos. Nas demais, a água foi substituída pela serpentina e pelo confete e durante um tempo também pelo lança-perfume, proibido desde os anos 60.

Carnaval no início do século – Nos primeiros anos da República, surgem os cordões, as sociedades carnavalescas, blocos, ranchos, corsos e outros grupos de foliões que saem às ruas para dançar e cantar quadrinhas anônimas, ao ritmo de instrumentos de sopro e percussão. A pianista, maestrina e precursora da luta pelos direitos da mulher Chiquinha Gonzaga, com a marcha Ô abre alas (1899), inaugura a prática das composições feitas exclusivamente para os grupos de foliões, hoje uma das principais características dos desfiles das escolas de samba.

Folia carioca

No Carnaval, o Rio readquire status de capital nacional, perdido com a mudança do DF para Brasília. Desde o início da temporada de verão, os cariocas realizam bailes pré-carnavalescos. Muitos participam também, no mesmo período, dos ensaios nas quadras das escolas de samba. Os três fins de semana que antecedem o Carnaval são marcados pelos desfiles das bandas de bairros. Participam artistas, intelectuais, profissionais liberais.

Escola de samba – É a maior contribuição carioca para o Carnaval brasileiro e se espalhou por praticamente todo o país. Mas as escolas do Rio permanecem como as maiores, mais bem organizadas e responsáveis por desfiles de grande beleza e alto nível profissional. A primeira a desfilar oficialmente foi a Deixa Falar – núcleo inicial da atual Estácio de Sá –, criada pelo sambista Ismael Silva em 1928, com formação semelhante à dos atuais blocos.

As escolas de samba obedecem a uma formação elaborada, predeterminada, e se apresentam dentro de quesitos julgados por especialistas, entre eles: comissão de frente, formada por sambistas que melhor representam a escola, em geral os mais antigos, às vezes as mulheres mais bonitas; mestre-sala e porta-bandeira, casal formado por grandes passistas que carregam e protegem o estandarte da escola; bateria, responsável pela marcação do ritmo da escola, usando apenas instrumentos de percussão; samba de enredo, o samba que conta o enredo escolhido pela escola, usando sempre temas nacionais ou temas internacionais já integrados ao cotidiano brasileiro; harmonia, a evolução da escola, contando pontos a boa seqüência das diversas alas – das baianas, das crianças, dos compositores etc.-, sem espaços vazios entre uma e outra; alegorias e adereços, enfeites que os passistas levam na mão ou na fantasia, com figurações da história contada no samba de enredo.

Principais escolas de samba – (entre parênteses, o ano de fundação e as cores básicas): Grêmio Recreativo Escola de Samba da Portela (11/4/1923, azul e branco), Estação Primeira de Mangueira (28/4/1928, verde e rosa), Unidos de Vila Isabel (4/4/1946, azul e branco), Império Serrano (23/3/1947, verde e branco), Beija-flor de Nilópolis (25/12/1948, azul e branco), Acadêmicos do Salgueiro (5/3/1953, vermelho e branco), Estácio de Sá (27/2/1955, vermelho e branco), Mocidade Independente de Padre Miguel (10/11/1955, verde e branco).

São Paulo tenta seguir o modelo carioca, na organização das escolas de samba, dos desfiles e na composição dos sambas de enredo. Principais escolas: Vai Vai, Camisa Verde e Branco, Nenê de Vila Matilde e Rosas de Ouro.

Blocos – Existem, no desfile oficial do Carnaval carioca, os blocos de enredo e os de empolgação, ou de embalo. Entre os primeiros, com número de componentes entre 200 e 500, destacam-se: Canários das Laranjeiras, Flor da Mainá do Andaraí, Quem Fala de Nós Não Sabe o Que Diz, Bafo de Bode. Os blocos de empolgação desfilam em grupos de acordo com o número máximo de componentes (entre 200 e 400). Três deles são hors-concours: Cacique de Ramos, Bafo da Onça e Boêmios do Irajá.

Outros carnavais

O Carnaval da Bahia é o que mais rivaliza com o do Rio. Além dele se destaca o Carnaval de rua do Recife e Olinda.
Bahia – A capital, Salvador, tem o Carnaval mais movimentado da Bahia. Milhares de foliões dançam pelas ruas, 24 horas por dia, correndo atrás dos trios elétricos – caminhões com cantores, instrumentistas e poderoso equipamento de som. O primeiro trio elétrico saiu em 1950, quando Antônio Adolfo do Nascimento, o Dodô (da dupla Dodô e Osmar), desfilou fantasiado de arco-íris e tocando frevos em uma guitarra elétrica ligada na bateria do carro.
O carnaval baiano tem ainda muitos blocos e ranchos, que brincam ao som de ritmos afro-brasileiros. Alguns dos grupos que desfilam no Carnaval de Salvador: os afoxés, ou ranchos negros (Filhos de Gandhi, Badauê), e os blocos de índio e afro (Olodum, Apaches do Tororó, Ileaiê, Malê de Balê, Olorum Babami).
Pernambuco – No Recife e Olinda predomina o Carnaval de rua. Os grupos organizados dançam o maracatu, manifestação tipicamente pernambucana. A mais importante contribuição de Pernambuco para o Carnaval é o frevo, dançado por multidões pelas ruas de Olinda e do Recife. Há também grupos organizados de frevo, ou clubes. Os mais famosos são o Pás Douradas e o Vassourinhas.

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