Teatro Ziembinski Renovado


Depois de quatro anos incentivando a nova dramaturgia brasileira, com a organização de cursos e produção de espetáculos na Sala Paraíso do Teatro Carlos Gomes, no Centro, o autor e diretor Roberto Alvim se mudou há pouco. A pedido do gestor da Rede Municipal de Teatros, Miguel Falabella, Alvim passou a comandar o Teatro Ziembinski, na Tijuca, em março, com a proposta de dar ao local uma nova cara.
É a partir de hoje que as mudanças começam a aparecer, com a nomeação do Ziembinski como Centro de Referência da Dramaturgia Contemporânea do Brasil. Para a abertura do projeto, foi chamado o autor Mário Bortolotto, paranaense radicado em São Paulo, que até o fim do mês apresenta cinco textos seus, a maioria ainda inéditos no Rio.

– A mudança, na verdade, é uma ampliação do projeto que eu vinha desenvolvendo na Sala Paraíso, que tem 50 lugares e estava sempre lotando. Agora temos a oportunidade de receber um público maior e renovado. Mas também há novidades. Não estaremos nos concentrado apenas no trabalho de novos autores, diretores e atores, mas de nomes que são referência da dramaturgia contemporânea – explica Alvim, que passa a dirigir o Ziembinski, que tem 154 lugares, em parceria com a atriz Luciana Borghi.

Para o diretor, Mário Bortolotto é uma dessas referências, já que sua obra faz uma contundente reflexão sobre a vida urbana atual. Com o grupo Cemitério de Automóveis, Bortolotto traz ao Rio os espetáculos A frente fria que a chuva traz – já exibido, no ano passado, na mostra riocenacontemporânea -, que fica em cartaz de hoje a domingo; O que restou do sagrado (de 12 a 15 de maio); Homens, santos e desertores (de 19 a 22); Getsêmani (dias 26 e 27); e Medusa de Rayban (dias 28 e 29).

Esta é a segunda mostra de Bortolotto na cidade que, em 2003, levou outras quatro peças do repertório da companhia ao Espaço Cultural Sérgio Porto.

– Só crio a partir da observação do universo urbano, não sei escrever sobre outra coisa. São temas como a solidão e a violência, mas também há espaço para discutir a solidariedade entre as pessoas – comenta Bortolotto, que, desde 1996, trocou Londrina por São Paulo.

O projeto seguinte do Centro de Referência da Dramaturgia Contemporânea, Brasil 2005 – Oito visões, deixa claro que Alvim se propõe a diversificar sua discussão sobre as artes cênicas contemporâneas. Se na Sala Paraíso o trabalho se desenrolava em torno de 15 autores jovens, entre eles Daniela Pereira de Carvalho, Rodrigo de Roure e Henrique Tavares, a idéia agora é chamar pessoas também de outras gerações, como Leilah Assumpção, Alcione Araújo e Fernando Bonassi.

– Em junho, o projeto Brasil 2005 – Oito visões vai reunir oito dramaturgos da velha guarda, alguns que não escreviam já há algum tempo. A cada um foi encomendada a criação de uma peça curta, com cerca de 25 minutos. A idéia é apresentar duas dessas peças por dia – adianta Alvim.

Fora da discussão sobre a nova produção teatral, o diretor criou, às terças-feiras, o projeto Terças mix, com shows e performaces voltadas para o público GLS e, às quartas-feiras, o Música no Zimba, com shows de vertentes variadas.

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