“A Malhação do Judas: Tradição Centenária que Sobrevive em Algumas Cidades”


De geração em geração, a simbólica pancadaria em bonecos representa o repúdio ao traidor bíblico e ganha diferentes formas pelo Brasil. Mas será que ainda resiste ao tempo?


Você se lembra da malhação do Judas no seu bairro antigamente? E no seu bairro atualmente, ainda existe essa tradição?

A malhação do Judas é uma tradição herdada da Península Ibérica e disseminada em diversos países de influência católica, especialmente em Portugal, Espanha e, posteriormente, no Brasil. Normalmente realizada no Sábado de Aleluia — o sábado entre a Sexta-Feira Santa e o Domingo de Páscoa —, a prática consiste em confeccionar um boneco de trapo, representando Judas Iscariotes, o apóstolo que traiu Jesus Cristo. Esse boneco é pendurado em praças, postes ou árvores e, em seguida, espancado simbolicamente por crianças e adultos.

Ao longo das décadas, a malhação do Judas também passou a incorporar elementos da crítica social e política. Muitas comunidades passaram a adaptar o boneco para representar figuras públicas envolvidas em escândalos, governantes impopulares ou até mesmo personagens do cotidiano local que despertaram insatisfação popular. Cartazes com frases irônicas ou mensagens de protesto frequentemente acompanham o boneco.

Em muitos bairros, principalmente nas zonas rurais e em cidades pequenas, a tradição ainda é viva e mobiliza moradores com oficinas de confecção do boneco e eventos comunitários. Em áreas urbanas maiores, no entanto, a prática vem se tornando cada vez mais rara, seja por mudanças nos hábitos culturais, pela falta de interesse das novas gerações ou pelas discussões éticas em torno da violência simbólica envolvida.

Ainda assim, a malhação do Judas permanece como uma expressão cultural popular de resistência e de criatividade. Para quem guarda na memória os tempos em que o sábado de aleluia era sinônimo de festa no bairro, a tradição é um símbolo de pertencimento e identidade coletiva.

E você, ainda vê Judas sendo malhado por aí?

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