Livro gratuito reúne cartuns da Revolta da Vacina

 

Jornalista reúne ilustrações publicadas nos jornais sobre rebelião em 1904. Hoje, receio de se vacinar volta a ser empecilho no controle da proliferação do coronavírus.

  • Em 1904, no dia 11 de novembro, a população do Rio de Janeiro se mobiliza em protesto à vacinação obrigatória contra varíola imposta por Oswaldo Cruz.

Matéria publicada em 2021

O movimento antivacina em pleno século 21 no transcorrer da pandemia de Covid-19 fez com que a sociedade relembrasse um dos casos mais emblemáticos da saúde pública no Brasil: a rebelião no Rio de Janeiro contrária à decisão do governo de vacinar a população no combate à febre amarela, em 1904 – conhecida como Revolta da Vacina.

Além da falta de informações que favorece a suspeita contra o imunizante, outros elementos contribuíram para a Revolta da Vacina. A desastrosa reforma urbana que expulsava os pobres da região central sem considerar os fatores socioeconômicos e culturais é um dos exemplos que podem ser citados para a explosão da revolta. Mas o medo da população em ser inoculada com um vírus foi o argumento final para a resistência à campanha de vacinação em 1904.

Quase 120 anos depois, o receio de se vacinar volta a ser um empecilho para controlar a proliferação de um vírus. Apesar da evolução da ciência, que proporciona diversos estudos sobre os benefícios e segurança da vacinação, e do acesso à informação, é preciso novamente convencer o brasileiro a se vacinar.

Para ter uma noção do que se passou em 1904, no último grande marco de resistência aos imunizantes, o jornalista curitibano Eduardo Aguiar reuniu charges e cartuns sobre o tema. As ilustrações, com alto poder de síntese e capacidade de comunicação, auxiliam-nos a compreender a percepção geral do movimento na época. Na Hemeroteca da Biblioteca Nacional, ele pesquisou os principais veículos de comunicação do Rio, então capital federal.

Aguiar selecionou 60 cartuns para ilustrar os sentimentos que percorriam a cidade: medo, desconfiança, revolta. Aliado à reprodução das charges e ilustrações, Eduardo produziu um texto para contextualizar algumas imagens para o leitor do século 21. Uma boa parte dos personagens da política da época, por exemplo, sumiu do imaginário popular.

O resultado é o livro Revolta da Vaccinadisponível de graça na Internet.

Em comparação com o momento atual, é possível destacar diferenças claras. O governo que estipulava a obrigatoriedade da vacina era do sanitarista Oswaldo Cruz, que enxergava na pandemia um risco de vida elevado para milhares de pessoas. A imprensa e população, assim como alguns intelectuais e políticos, repreendiam a campanha de vacinação.

Atualmente, o próprio governante, o presidente Jair Bolsonaro, critica e diminui a importância da vacina contra a Covid-19. Além de comprar poucas doses, o governo federal anuncia a não-obrigatoriedade da vacina sob o pretexto de liberdade individual e investe em medicamentos sem eficácia comprovada no combate à doença.

Daqui a cem anos, os cartuns de hoje poderão ser vistos como uma representação do momento atual do país e da grave crise causada pelo coronavírus, que seria amenizada com uma campanha de vacinação eficiente e massiva.

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Fonte: Plural

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