Música e Trabalho: O Bonde São Januário

Em parceria com o Centro de Memória Sindical, o Prosa, Poesia e Arte publica, semanalmente, a seção Música e Trabalho. Nesta semana, apresentamos um clássico quase octogenário: o samba O Bonde São Januário (1940), de Ataulfo Alves (1909-1969) e Wilson Batista (1913-1968). Confira.

 Bonde

Em 1937, o presidente Getúlio Vargas baixou um decreto (que dura até hoje) obrigando os enredos de escolas de samba a só falarem de temas “históricos e patrióticos”. As letras de música eram censuradas pelo DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda). O exemplo mais famoso é O Bonde São Januário, de Ataulfo Alves e Wilson Batista.

 

A letra original exaltava a figura do “malandro” esperto, que vivia na boemia, que não era trouxa de virar operário e entrar “no bonde de São Januário” (bairro industrial) que “leva mais um otário” para trabalhar. A letra teve de ser mudada. Veja abaixo como ficou.

 

O Bonde São Januário

 

Quem trabalha

É quem tem razão

Eu digo

E não tenho medo

De errar

 

O Bonde São Januário

Leva mais um operário

Sou eu

Que vou trabalhar

 

Antigamente

Eu não tinha juízo

Mas resolvi garantir

meu futuro

Vejam vocês

Sou feliz

vivo muito bem

A boemia

Não dá camisa

A ninguém

É, vivo bem

 

[Composição: Ataulfo Alves e Wilson Batista (940) / Intérprete: Cyro Monteiro]

Compartilhar:

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*