Durante a cerimônia de entrega do Prêmio Camões ao escritor Raduan Nassar nesta sexta-feira (17), o ministro da Cultura, Roberto Freire, se descontrolou depois de ver o governo sendo criticado. Incomodado com as afirmações de que vivemos uma violação do Estado Democrático, Freire insistiu que “quem dá prêmio a adversário não é uma ditadura”.
Em seu discurso, Raduan denunciou os impactos do golpe de Estado e afirmou que, diante de tantos retrocessos promovidos pelo governo golpista ao longo dos últimos meses, não poderia ficar calado.
Como a ordem da cerimônia foi invertida, e o ministro, que deveria falar primeiro, teve a última palavra, aproveitou para dar sua resposta, diferente do escritor, sem nenhuma compostura. Descontrolado e com o dedo em riste, Freire declarou que Raduan “é um adversário recebendo um prêmio do governo que ele considera ilegítimo”.
A plateia – composta por Marilena Chauí, Celso Amorim e outras figuras ilustres – entrou em defesa do escritor rapidamente. Alguns gritavam “Fora Temer”, outros diziam “hoje é o dia do Raduan, para da falar”.
Em seu discurso, Raduan disse que “vivemos tempos sombrios, muito sombrios” e denunciou a truculência do governo golpista. “Vivemos tempos sombrios, muito sombrios: invasão na sede do Partido dos Trabalhadores em São Paulo; invasão na Escola Nacional Florestan Fernandes; invasão nas escolas de ensino médio em muitos estados; a prisão de Guilherme Boulos, membro da Coordenação do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto; violência contra a oposição democrática ao manifestar-se na rua. Episódios todos perpetrados por Alexandre de Moraes.”
Diante de um cenário de violação do Estado de Direito, o escritor disse que não poderia ficar calado.
Assista aos dois discursos:
https://www.youtube.com/watch?v=NmnRpvbpTL4
Faça um comentário