O costume de roubar aves domésticas em quintais alheios foi uma prática muito comum no Brasil, no início do século passado. Não era delito, mas uma farra. No fim da Quaresma, na madrugada da Sexta-feira da Paixão ou do Sábado de Aleluia, colonos e fazendeiros se reuniam para a brincadeira, invadindo sítios, fazendas e quintais e subtraindo os galináceos que fariam as delícias do banquete do dia seguinte. Segundo o folclorista Câmara Cascudo, o povo achava que a morte de Cristo eliminava momentaneamente todos os direitos de autoridade e propriedade, o que justificava as invasões. De qualquer forma, estas aconteciam apenas uma vez no ano e não davam grandes prejuízos, além de fazer reviver uma antiga tradição cultural que unia pessoas de classes e interesses diversos, isto é, os que possuíam galinhas e os que não as tinham.
Em Dicionário do folclore brasileiro, de Luís da Câmara Cascudo.
A seção “Almanaque Brasil Cultura”