Artistas fazem releituras de Milton Nascimento

Seja num carro onde o rádio toca abafado ou num teatro com sofisticados aparatos técnicos, a voz de Milton Nascimento domina o ambiente. O cantor, conhecido pelos fãs como Bituca, celebrou 50 anos de carreira em 2012, mas só agora recebe uma homenagem de 32 artistas da cena contemporânea nacional.

O projeto Mil Tom, encabeçado pelo produtor cultural Pedro Ferreira, reúne nomes de 11 estados,  como Pélico, Karol Conka, Felipe Cordeiro, Thaís Gulin, Letuce, Tono e Aláfia. O álbum, composto por 30 releituras de sucessos cantados por Milton, poderá ser baixado gratuitamente na plataforma online do Scream&Yell (www.screamyell.com.br). No dia 10 chegam as primeiras 15 músicas, enquanto que no dia 17 o restante das canções estarão disponíveis.

Em 2012, Pedro também comandou a  organização da coletânea Re-Trato, uma homenagem  aos Los Hermanos. “Preferi não lançar os dois projetos no mesmo ano porque eles poderiam se ofuscar. A releitura do trabalho dos Los Hermanos estava repercutindo bastante no país”.

Ele afirma que tanto  Mil Tom quanto Re-Trato, além de homenagear os artistas, também têm a função de dar luz ao trabalho de nomes emergentes na cena musical. “Milton e sua equipe ainda não se pronunciaram sobre o projeto. É importante que saibam que  os artistas envolvidos respeitam muito sua obra”.

Histórias cruzadas

Thaís Gulin conheceu Milton Nascimento há dois anos. Durante um show em Lisboa, ela soube que o cantor estava logo ali na plateia. “Fiquei nervosa porque sou muito fã do Milton. Amo a voz dele. Não sou tão influenciada por sua sonoridade, mas as músicas me emocionam”.

A versão de Thais para o sucesso Amor de Índio foi estudada lado a lado com a intuição. “Eu não cantei exatamente como a música original é dividida. Fiquei mais à vontade para adiantar ou atrasar”.

A cantora também comenta que foi tocada pela temática da canção: amor, trabalho e o  movimento da vida unidos. “Eu fui deixando ela entrar. Em geral, tento não aprender nem desaprender a música para ver se ela me chega de uma maneira mais fresca”.

A única dupla do projeto é composta pelos cantores Pélico e Bárbara Eugênia. Parceiros de outros carnavais, eles fizeram uma versão da conhecida  Paula e Bebeto. “Demoramos a engatar no projeto por conta das agendas”, explica Pélico, que sempre ouviu muito Milton Nascimento, mas viu na coletânea a chance de imergir na obra.

Durante o processo, o artista  chegou à conclusão de que não poderia deixar o medo tomar conta do processo criativo. “Eu tenho que ter respeito, mas não medo de arriscar um arranjo. A gente escolheu uma forma de deixar a música um pouco mais lenta e lírica”.

Eduardo Brechó, vocalista da banda Aláfia, conta que Milton Nascimento tem uma ligação com a raiz do grupo. “Foi através da mesma música que gravamos para a coletânea – Saudade Dos Aviões da Panair (Conversando No Bar)  – que eu e Lucas Cirilo nos conhecemos e demos início ao projeto da Aláfia”, relata.

“Ouvi alguns puristas dizerem que essa geração não ia conseguir interpretar Milton, mas a gente acredita que sempre é possível ser atual”. O projeto não possui fins lucrativos, por isso não precisa arcar com os custos de direitos autorais. Os artistas bancaram as despesas das gravações.

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