Brasília vai ter museu da cultura negra, diz ministra da Cultura

O Ministério da Cultura vai se empenhar para a instalação de um museu,  na capital federal, destinado a registrar a história e o legado deixado pelos  negros na formação da população brasileira .
“A capital da República tem o dever de registrar a influência da cultura negra  em um país que tem 53% de sua população composta de afrodescendentes”, disse  nesta quarta (17) a ministra da Cultura, Marta Suplicy. Ela ressaltou que vai  “trabalhar pessoalmente” para que o projeto seja efetivado.
De acordo com a ministra, já existe um terreno para a construção do museu.
Ele foi doado pelo então governador do Distrito Federal, Cristovão Buarque, mas
“ficou esquecido durante muitos anos, tendo o governador Agnelo Queiroz firmado
a redestinação”. O terreno, segundo ela, está localizado em uma área nobre de
Brasília, no Lago Sul.
Marta lembrou que foi durante a sua gestão na prefeitura de São Paulo
que foi instalado na cidade um museu com o mesmo objetivo. Ele fica em uma área
nobre da capital paulista, o bairro do Ibirapuera. “Foi escolhido o prédio mais
bonito
do lugar, a sede antiga da prefeitura”, disse.
Segundo a ministra, grande parte do acervo do Museu Afro de São Paulo foi
doada pelo colegionador Emanuel Araújo que fez um pedido especial à então
prefeita Marta Suplicy: “Prefeita, não vá instalar o museu em um porão”. Segundo
ela, a resposta foi construir o museu em um lugar bonito. “É o que vai ocorrer
também em Brasília”, ressaltou a ministra da Cultura.
A ministra lembrou que dos 10 milhões de negros que foram retirados da
África para trabalhar como escravos, 5 milhões vieram para o Brasil ,
e só entre 1700 e 1800 desembarcaram por aqui 2,5 milhões de negros. De acordo
com Marta Suplicy, a ideia de montar o Museu Afro de Brasilia começou com a
visita que fez à à Fundação Palmares, onde existe uma maquete do
prédio.
“Toda a história tem que ser mostrada no museu da capital federal. Não
deve ser somente o museu da dor, mas que conte a história da vinda dos negros,
do que ocorreu nas lavouras, o processo da abolição, o resgate da autoestima
desse povo que construiu o Brasil, pois a identidade brasileira é negra ,
na gastronomia, na música, nas danças e também na religião”, disse.
Para a ministra da Cultura, o mais difícil para a instalação não é colocar
peças à mostra, mas prover o museu de recursos tecnológicos para recuperar a
história dos negros no Brasil. Segundo ela, nos Estados Unidos a população negra
é composta por 13% dos americanos. No entanto, o país está construindo “um museu
gigantesco, em frente ao Pentágono, em Washington, com investimento de US$ 500
milhões”, destinado a registrar a história dos negros nos EUA.
Marta Suplicy esteve hoje na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do
Senado Federal, onde fez uma exposição das atividades desenvolvidas pelo
Ministério da Cultura.

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