Monarquistas deixam a política e investem no debate cultural

  • D. João Henrique poderia ter sido o rei do Brasil, mas se diz um republicano. Foto: Ibem/ Divulgação

    Como explicar a história de um sistema político que
    funcionou no Brasil há de mais 123 anos atrás? E pior: defendê-lo e lutar por
    sua restauração? Esta é a missão dos monarquistas, que encararam durante o
    plebiscito de 1993 histórias controversas sobre um tempo em que a família imperial
    do Brasil comandava a gestão pública no país. No período, novelas sobre
    escravidão foram reprisadas na televisão com a temática da escravidão e
    suscitou debates como a volta deste tipo de trabalho ao país. “O tempo foi
    muito curto e as informações que a população tinha sobre o Império era
    basicamente o livro didático”, reclamou o ex-deputado Cunha Bueno (PP).

  • Depois de 20 anos, os monarquistas apostam na revisão da
    história política no século 19. Valorizam encontros, pesquisas e atividades
    culturais. A política, propriamente dita, ficou para um segundo plano, ou
    melhor, para um segundo momento. Hoje, uma das entidades que representam o
    grupo é o Instituto Brasileiro de Estudos Monárquicos do Rio Grande do Sul
    (Ibem). Parte dos que apoiam o sistema se aglutinam virtualmente, como em
    grupos e comunidades virtuais. No Facebook, por exemplo, o grupo Monarquia
    Parlamentar Legítima tem mais de dois mil participantes.
  • Há 20 anos brasileiros decidiram pelo presidencialismo
  • “O Brasil,
    infelizmente, chegou a tal ponto de decomposição moral e política que,
    particularmente, acredito que nem mesmo a monarquia poderia resolver  muitas mazelas de nosso combalido país. O
    nosso dever é o de defender a memória imperial e preservá-la entre o nosso
    povo”, diz a jornalista e professora do Serviço Nacional de Aprendizagem do
    Mato Grosso (SENAC) Astrid Bodstein.
  • D. Pedro Carlos de Orléans e Bragança, chefe da Família Imperial do Brasil. Foto: Astrid Bodstein/Divulgação

    Entre descendentes do imperador d. Pedro II existe, porém,
    uma referência política e cultural. Depois do Golpe da República em 15 de
    novembro de 1889, o herdeiro de um hipotético trono passou a ser tratado como
    Chefe da Família Imperial. O atual é d. Pedro Carlos de Orléans e Bragança,
    bisneto da princesa Isabel. É ecologista, primo de primeiro grau do rei
    espanhol Juan Carlos I e tem um perfil discreto, que e vive em Petrópolis. O
    seu primo, o príncipe d. João Henrique de Orléans e Bragança assumiu o papel de
    “porta-voz” da família.

  • Na época do plebiscito, d. João Henrique era um dos
    favoritos ao título de imperador. “Caso a população escolhesse a monarquia, d.
    João ou d. Alberto eram os favoritos. O imperador teria sido escolhido pelo
    Congresso Nacional entre os descendentes do imperador d. Pedro II e da princesa
    Isabel”, revela Cunha Bueno.
  • Atualmente, d. João Henrique vive entre as cidades de Paraty
    e Rio de Janeiro. O príncipe, que se define como um republicano, não gosta de
    falar em projeto político. Prefere dizer que luta pelo seu país independente de
    qualquer sistema de governo. “Minha luta é pelo meu país. Sempre fui favorável,
    primeiramente, ao parlamentarismo. É um sistema que traz estabilidade para as
    nações. As instituições são mais importantes do que os homens. Os homens
    passam, as instituições ficam”, analisa.
  • Mesmo com um certo distanciamento da vida partidária – no
    Brasil, os príncipes não se candidatam a cargos políticos – d. João mira seu
    alvo nos escândalos políticos. Se mostra inconformado com certos movimentos. “O
    problema no Brasil é que a gente ainda não fundou uma república. Como explicar
    um ex-presidente que anda de mãos dadas com um ladrão procurado em 190 países
    do mundo?”, pergunta o príncipe d. João ao falar da parceria política entre
    Lula (PT) e Paulo Maluf (PP) em São Paulo.

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