Com texto do diretor René Piazentin, a peça coloca personagens de Alice no Pais das Maravilhas e Alice Através do Espelho em situações diferentes das originais e conta uma nova história com os tipos de Carroll
Depois de mergulhar no universo de Kafka com uma releitura de A Metamorfose, com a elogiada Niklastrasse, 36, a Cia dos Imaginários se utiliza da Alice, de Lewis Carroll (1832-1898), para o novo trabalho, Uma Alice Imaginária. O espetáculo que estreiou dia 5 de outubro, no Teatro Commune. No elenco, Aline Baba, Kedma Franza, Luana Frez, Maria Cecília Guimarães, Mariana Viana, Renata Weinberger e Rodrigo Sanches. René Piazentin assina direção, dramaturgia, cenário, figurino, luz e trilha sonora
A Alice de Uma Alice Imaginária é também uma menina que despenca em um lugar completamente desconhecido e se depara com as incríveis criaturas Dodô, Chapeleiro Maluco, Lebre de Março, Gato, Coelho, Lagarta e Rainha. Mas a Alice desta história perdeu algo muito importante e passa a peça tentando entender o que lhe falta de tão precioso. A menina não toma um chá, mas abre caixas que guardam coisas antigas, brinquedos velhos, louças, objetos que já tiveram sua importância dentro daquela casa, e este desvendar de coisas leva a pequena ao mundo imaginário de Carroll.
O diretor e dramaturgo René Piazentin perdeu sua mãe em 2003 e agora, 9 anos depois, encontra na personagem Alice um diálogo artístico para uma ausência que pode ser a de tantas pessoas. “As personagens de Carroll parecem ter vida própria, para além das duas Alices. Então, usá-los como costura para contar outra história, possibilitou uma liberdade muito grande como costura para contar outra história”, comenta René.
Onde ficam guardadas as principais lembranças? Por que não prestamos atenção naquele dia banal para depois termos ele na nossa cabeça? Quem tranca nossos momentos no esquecimento? Essas perguntas fazem parte do espetáculo que trata de uma menina que, de alguma forma, guarda na memória os personagens de Alice, como se fosse uma jovem que se utiliza da história de Carroll para entender a sua própria.
O cenário, a trilha, a iluminação e o figurino também levam a assinatura de René Piazentin. O cenário basicamente é composto de caixas – que pretendem dar a ideia de uma casa em mudança, ou mesmo do retorno a um lugar que ficou fechado por muito tempo. A luz busca recortar a presença dos atores quase que de maneira a neutralizar o espaço, “como se a ação flutuasse dentro da cabeça de Alice”, explica o diretor.
A trilha sonora traz canções de bandas Islandesas como, Sígur Rós, Amiina, Múm e Sóley. “Na verdade começamos a utilizar músicas do Múm, que possui uma sonoridade que remete à infância, com toques de tensão e melancolia em muitos álbuns, e a pesquisa nos levou a outros artistas, coincidentemente de mesma nacionalidade”, conta o diretor.
Sobre o fato de ser o autor deste espetáculo, René analiza: “não me nomearia dramaturgo – acho que há uma diferença entre um texto que é escrito à espera de uma ou mais montagens futuras, por outras pessoas, e um texto que o próprio diretor escreve, já com uma encenação embutida. Ele é quase um roteiro de espetáculo, que não sei se faria sentido ser montado por outro grupo. Cada cena foi elaborada pensando no texto, na trilha, nesse grupo específico. As palavras que estão ali carregam tudo isso“.
Elenco: Aline Baba, Kedma Franza, Luana Frez, Maria Cecília Guimarães, Mariana Viana, Renata Weinberger, Rodrigo Sanches.
INFORMAÇÕES – Uma Alice Imaginária
Data: até 26 de outubro de 2012
Horário: Quintas e sextas, às 21h | Ingressos: R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia) Classificação etária: livre. | Duração: 70 minutos.
LOCAL – Teatro Commune – Rua da Consolação, 1.218, (capacidade: 84 lugares) Telefone: 3476-0792.
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