A definição do romantismo, principalmente nas artes plásticas, é bastante polêmica. Alguns acreditam que ele se estende desde meados do século XVIII até hoje, enquanto outros o vêem como uma escola que floresceu entre os séculos XVIII e XIX. Além disso, a separação entre Neoclassicismo e Romantismo é outro ponto de difícil consenso entre os historiadores de arte. Enquanto alguns acreditam que essas tendências não têm no fundo tantas diferenças entre si, como as duas faces de uma mesma moeda, outros pensam que o romantismo é uma escola à parte, que se desenvolveu depois do neoclassicismo. Acredita-se que na música e na literatura tenha sido mais fácil sua expressão como uma escola distinta das demais. O romantismo, nas artes plásticas, talvez esteja mais ligado a um estado de espírito e crenças filosóficas do que a um estilo ou imagem visual específica. Além disso, os próprios líderes do movimento romântico, nas artes plásticas, apresentam grande diferenciação entre si. De uma forma geral, o romantismo caracteriza-se pela valoração da experiência individual e da imaginação como principal fonte de recursos para a expressão artística. Além disso, representou uma revolta contra o conservadorismo nas artes e a moderação. Tanto como o classicismo, aspectos como a virtude ou a grandeza são valorizados, bem como um modo de vida pertencente ao passado. Um dos maiores méritos creditados aos artistas desse período foi terem conseguido imprimir mais liberdade à arte, dando espaço para suas próprias expressões pessoais (que talvez até então somente um poeta poderia expressar). O Gótico Revival, que foi a revalorização estética dos construções da Idade Média, em especial o estilo gótico (pelo menos em suas primeiras manifestações) pode ser considerado um aspecto do romantismo. A partir do momento em que se desenvolve, entretanto, chega a ser considerado por alguns historiadores como uma escola própria, separada já do romantismo. Seus principais expoentes foram os ingleses Horace Walpole (1717 – 1797) – arquiteto amador e escritor, que tendo construído sua casa de campo Strawberry Hill, em Twickenham, como um castelo medieval, acabou por ajudar a estabelecer o estilo entre as construções do gênero do país Augustus Welby Pugin (1812 – 1852) além de arquiteto, também teórico, um dos nomes mais importantes do estilo na Inglaterra, responsável pelos detalhes góticos nas Casas do Parlamento inglês e o francês Eugène Viollet-le-Duc, que reconstruiu obras góticas e romanescas francesas, além de ter escrito um dicionário sobre a arquitetura francesa do século XI ao XVI, popularizando bastante a estética medieval. Na pintura romântica, destacam-se a Inglaterra, a França e a Alemanha como os países mais ligadas ao romantismo. O romantismo na Inglaterra deveu muito a estrangeiros, principalmente os americanos Benjamein West (1738-1820) e John Singleton Copley (1738-1815). West foi o segundo presidente da Royal Academy, em Londres, pintor da corte de George III, conhecido entre outras coisas, por ter introduzido na tradicional academia britânica uma obra histórica com pessoas vestidas na maneira contemporânea (“A Morte de General Wolfe”). Copley é conhecido por seus retratos e obras como “Watson e o Tubarão”, que narra um acidente ocorrido com um seu amigo Brook Watson. Os suíços Henry Fuseli (1741-1825) com sua excentricidade e trabalhos com fortes tendências a explorar cenas de horror, como “O Pesadelo” e Angelica Kauffmann (1741-1807), extremamente ativa na defesa da causa feminina nas artes, utilizando-se, por exemplo, de sua própria imagem como heroína, também foram grandes artistas do romantismo inglês. Mas talvez o maior nome do movimento seja William Blake (1757-1827), seguido de Turner. Blake era um homem místico, que desprezava a academia e era considerado visionário e louco em sua própria época. Além de pintor e gravador era poeta, tendo como hábito ilustrar seus escritos. Entre essas ilustrações destacam-se um trabalho extremamente poderoso e conhecido “O Ancião dos Dias”, feito para o poema “Europe, a Prophecy”. O criador do mundo nu, (para Blake conhecido como Urizen), segura um compasso luminoso que usa para medir o globo em uma noite de tempestade. A influência de Michelângelo, de quem era grande admirador e profundo estudioso, aparece clara na escolha temática (“A Criação de Adão” do artista renascentista parece ter inspirado essa obra). Na França, Eugène Delacroix (1798-1863, ver verbete à parte) e Theodore Géricault (1791 – 1824) aparecem como os principais líderes românticos. Antoine-Jean Gros (1771-1835), com seu uso de cores, pinceladas vigorosas e próprio temperamento romântico (chegou a cometer suicídio por não atingir reconhecimento de suas obras), também pode ser considerado um nome importante do movimento. Theodore Géricault foi bastante influenciado por Gross e, por sua vez, exerceu grande influência sobre Delacroix. Foi um pintor bastante preocupado com o detalhamento e com o estudo da natureza. Estudou pormenores de um acontecimento para realizar seu dramático quadro “A Balsa da Medusa”, que relata o resgate dos sobreviventes de uma tragédia marítima que foi escândalo em sua época. “Corrida de Cavalos”, é outra obra do pintor em que se utiliza de seu talento para retratar as famosas corridas em Epsom. Delacroix (ver verbete à parte) foi o pintor romântico francês mais conhecido em sua época, sempre à volta em discussões com os neoclássicos como Ingres e conhecido por obras como “Liberdade Guiando as Pessoas”, de 1830. Foi ainda durante o romantismo que as pinturas de paisagem tornaram-se bastante valorizadas. Essas pinturas procuravam expressar a relação do artista com a natureza, numa época que a arte tornava-se mais livre. William Turner (1775 – 1851), por exemplo, um dos mais famosos paisagistas ingleses, seguido por John Constable (1776 – 1837) é considerado, ao lado de Blake, uma das principais figuras do romantismo no país. Turner, em suas obras, criava cenas fantásticas, cheias de luz, movimento e efeitos dramáticos que impressionassem o público. “Vapor numa Tempestade de Neve” é uma obra extremamente arrojada do pintor, que mostra a natureza extremamente poderosa em uma tempestade marítima, digna da imaginação romântica. Já o estilo de Constable, apesar de contemporâneo a Turner, era bastante diferente deste último. Desprezava as tradições pictóricas e as fórmulas de representação da natureza que procuravam suplantá-la. Suas pinturas eram serenas, como demonstra “A Carroça de Feno”, uma pacata cena rural extremamente sincera e desprovida de pretensões. Na Alemanha, destacam-se Caspar David Friedrich (1774 – 1840), famoso por suas paisagens, principalmente ambientadas no gelo e na neve, topos de montanhas e procissões funerárias.
Autoria: Rodrigo Jaci Negreiros