Masp e o Apagão

 

O Ministério Público abriu inquérito anteontem para investigar se o acervo do Museu de Arte de São Paulo, o Masp, corre risco de dano e segurança, porque a instituição está funcionando à base de geradores, por conta do corte de energia realizado pela Eletropaulo na última terça. O inquérito começou a ser cumprido ontem.

“Por causa das matérias de jornal que li ontem (anteontem), entre elas a da Folha, decidi instaurar inquérito para verificar se a coleção do Masp corre perigo, afinal trata-se de um patrimônio histórico e o acervo é tombado”, afirmou o promotor de Justiça do Meio Ambiente, Luis Roberto Proença. Entre as áreas de responsabilidade da Promotoria do Meio Ambiente estão o patrimônio artístico e o cultural.

Proença afirma que sua “primeira preocupação é verificar se os geradores que estão sendo utilizados funcionam a contento, mantendo não só os equipamentos de climatização mas também os de segurança”. Para tanto, o promotor já solicitou ao IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) que faça uma análise das condições dos geradores em uso pelo museu.

O promotor também expediu cartas pedindo dados a respeito do corte de energia à Eletropaulo e ao Masp. “Quero compreender a motivação do corte, mas não vou entrar na questão financeira nem avaliar a gestão do museu”, disse Proença, que deu prazo de dez dias para obter as respostas.

Provável acordo
Na manhã de hoje, segundo a Eletropaulo, haverá uma reunião entre o comando da empresa e o presidente do Masp, Julio Neves. A Folha apurou que provavelmente haverá um acordo entre as duas partes, para que o fornecimento de energia seja retomado.

Julio Neves, que até ontem evitava atender a imprensa, marcou uma entrevista coletiva para às 11h30 de hoje -sua assessoria dissera que ele só se pronunciaria quando o caso estivesse solucionado.

A energia elétrica foi cortada às 7h da última terça devido à falta de pagamento de uma dívida de R$ 3,47 milhões, acumulada pelo museu nos últimos sete anos. Naquele dia, Neves reuniu-se com a diretoria da Eletropaulo, mas, segundo a concessionária, não apresentou uma proposta viável. Dois acordos já haviam sido rompidos pelo Masp, um em 2000 e outro em 2004, que previa 35 parcelas de R$ 21 mil, das quais só a primeira foi paga.

O Masp reconheceu as dívidas e disse que havia proposto pagá-las com “créditos tributários de terceiros”. Segundo a Eletropaulo, a proposta não tem consistência jurídica.

 

 

Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, mais conhecido pelos paulistanos como simplesmente MASP, é o fruto de uma aventura de duas pessoas com uma visão revolucionária para sua época, apoiados por um grupo de amigos.

O MASP foi inaugurado em 2 de outubro de 1947 por Assis Chateaubriand, fundador e proprietário dos Diários e Emissoras Associados e pelo professor italiano Pietro Maria Bardi, jornalista e crítico de arte na Itália, recém chegado ao Brasil.

Uma história de alma, talento e força tornou possível a existência do MASP, cuja coleção, a maior do hemisfério sul, é das mais importantes. O feliz encontro de Assis Chateaubriand e de Pietro Maria Bardi alinhou o Brasil com os países de primeiro mundo no universo das artes.

Sorte da cidade de São Paulo, aqui um paraibano e um italiano, decidiram fundar e sediar este museu, e se, de um lado, Chateaubrind, com sua audácia, competência e obstinação, consegui atingir sua meta, de outro lado, um casal de italianos, sem filhos, adotou o MASP, legando, além de seu trabalho, a importante coleção ora exposta, digna de qualquer museu do mundo.

O Masp inicialmente instalou-se em quatro andares do edifício dos Diários Associados, adaptados por Lina Bo Bardi.

Lina Bo, arquiteta modernista italiana e esposa do professor Bardi, concebeu arquitetonicamente o prédio atual do MASP.

O terreno da Avenida Paulista havia sido doado à municipalidade com a condição de que a vista para o centro da cidade fosse mantida.

A idéia de Lina Bo foi preservar a vista exigida para o centro da cidade criando um edifício que se tornou único no mundo, mantendo o corpo principal pousado sobre quatro pilares laterais com um vão livre de 70 metros.

Construído de 1956 a 1968, a nova sede do MASP foi inaugurada em 07 de novembro de 1968 com a presença de Elizabeth II, Rainha da Inglaterra.

O MASP, entidade cultural sem fins lucrativos tem por finalidade incentivar, divulgar e amparar, por todos os meios a seu alcance, as artes de um modo geral e, em especial, as artes plásticas, visando ao desenvolvimento e, ao aprimoramento cultural do povo brasileiro.

O visitante pode apreciar no edifício da Avenida Paulista, obras da escola italiana como Rafael, Andrea Mantegna, Botticceli e Bellini.

O MASP foi criado para ser um museu dinâmico, com um perfil de centro cultural. Por isso possui espaços diferenciados para realização de exposições temporárias.

O MASP é também música, cinema e palestras. Os dois auditórios projetados por Lina Bo são um espaço múltiplo para essas atividades.

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