Biografia
MARIA VIOLETA FRANCO DE CARVALHO
(Curitiba, 21.02.1931 07.05.06), viveu e trabalhau em Curitiba.
1948
Recebe orientação de Guido Viaro em desenho e pintura. Curso de Gravura com Poty Lazzarotto
1949
Seu atelier transforma-se na “Garaginha”, ponto de encontro de artistas e intelectuais responsáveis pela renovação das artes plásticas no Paraná: Fernando Velloso, Paul Garfunkel, Alcy Xavier, Loio-Pérsio, Emilio Romani, entre outros.
1950
Frequënta o curso de gravura ministrado por Poty Lazzarotto, em Curitiba.
1951
Participa da fundação do Centro de Gravura do Paraná, tornando-se presidente na constituição da sua primeira diretoria.
1958
Freqüenta o Curso de História da Arte do Instituto de Arte e Decoração do Museu de Arte de São Paulo.
1960
Funda a Escolinha de Arte em São Paulo.
1976
Dirige o Centro de Pesquisas e Informações do Museu Guido Viaro.
1979
Dirige o Atelier de Gravura do Centro de Criatividade de Curitiba.
1981
Atua como coordenadora responsável pela Documentação do Centro de Pesquisa da Casa da Gravura, no Solar do Barão, Curitiba.
EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS
1966
Biblioteca Municipal de Santo André/SP
1969
Livraria e Galeria Veríssimo, São Paulo/SP
1970
A Galeria, São Paulo/SP
1972
Galeria do Banco de Brasília, Curitiba/PR
1973
Centro Cultural e Desportos Carlos de Souza Nazareth, SESC/Vilanova, São Paulo/SP
Teatro Guaíra, Hall do Auditório Salvador de Ferrante, Curitiba/PR
1974
Clube Curitibano, Curitiba/PR
1975
Galeria Acaiaca, Curitiba/PR
1984
Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, São Paulo/SP
1985
Museu de Arte Contemporânea, Curitiba/PR
Galeria Spazio, Londrina/PR
1990
Museu Guido Viaro, Curitiba/PR
1991
Galeria de Arte Banestado, Curitiba/PR
1995
Museu de Arte Contemporânea, Curitiba/PR
1996
Museu Universitário da PUC-PR, Curitiba/PR
1998
Museu Alfredo Andersen, Curitiba/PR
2000
Centro Cultural Brasil-Espanha, Curitiba/PR
2001
Museu de Arte do Paraná, Curitiba/PR
COLETIVAS E SALÕES
1950
Exposição de Gravuras de Artistas Paranaenses, SEC/DC, Curitiba/PR Salão de Maio, Associação Paranaense de Artistas, Curitiba/PR III Salão de Belas Artes da Primavera, Clube Concórdia, Curitiba/PR CCBEU, Curitiba/PR VII Salão Paranaense de Belas Artes, Curitiba/PR II Salão Baiano de Belas Artes, Salvador/BA
1951
II Salão de Maio, APA, Curitiba/PR. IV Salão de Belas Artes da Primavera, Clube Concórdia, Curitiba/PR. VIII Salão Paranaense de Belas Artes, Curitiba/PR. Salão Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro/RJ.
1952
Coletiva de Gravadores Alunos de Poty Lazzarotto, Curitiba/PR. Exposição Permanente de Artistas Paranaenses, SEC/DC, Curitiba/PR. Evoluarte, São Paulo/SP. Exposição no Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, RJ.
1955
1º Salão da Cidade, CMC, Curitiba/PR.
1970
3ª Exposição Nacional do 5º Colóquio de Museus de Arte do Brasil, Curitiba/PR. Pré-Bienal de São Paulo/SP.
1971
Artistas Plásticos do Paraná, Palácio Buriti, Brasília/DF
1972
Paraná Arte/Hoje, itinerante. Artistas Paranaenses, Galeria Cocaco, Curitiba/PR Discípulos de Guido Viaro, Teatro Paiol, Curitiba/PR. Brasil Plástica 72 – Mostra do Sesquicentenário, Bienal, São Paulo/SP
1973
1ª Expo-Arte, Câmara Júnior de Curitiba/PR. Retrospectiva de Artistas Paranaenses, FCC, Curitiba/PR. II Feira das Bandeiras, Curitiba/PR
1974
Exposição Coletiva de Artistas Paranaenses, Clube Curitibano, Curitiba/PR. 31º Salão Paranaense, Curitiba/PR. Paraná Arte/Hoje74 – Tempo de Cultura. Itinerante. Coletiva 74, Galeria Acaiaca, Curitiba/PR.
1975
Folia de Reis, Galeria de Arte Alpendre, Curitiba, PR. Accrochage do 1º Aniversário, Galeria Acaiaca, Curitiba/PR. A Arte do Paraná, Galeria Eucatexpo, Curitiba/PR
1976
22 Artistas do Paraná, 12º Congresso de Professores, Curitiba/PR. Paraná Arte Agora, Brasília/DF. Panorama da Arte no Paraná III, Badep, Curitiba/PR. Coletiva Classe A, Galeria Acaiaca, Curitiba/PR. Verão 76, Galeria Acaiaca, Curitiba/PR.
1978
Coletiva de Artistas Paranaenses, Clube Curitibano, Curitiba, PR. Artistas de Parede, SH 316 Galeria de Arte, Curitiba/PR
1979
II Mostra Anual da Gravura Cidade de Curitiba, FCC, Curitiba/PR
1980
Mostra Didática de Gravura, Evoluarte de São Paulo, CCC, Curitiba/PR. Encontro Nacional dos Críticos de Arte, FCC, Curitiba/PR
1981
Mulher Arte Tempo, Sala Bandeirante de Cultura, Curitiba/PR. Salão de Artes Plásticas de Presidente Prudente (artista convidada), Pres. Prudente/SP. Artistas da Década de 60, Sala Miguel Bakun, Curitiba/PR
1982
Verão Arte, Galeria Acaiaca, Curitiba/PR. Gravadores do Paraná Hoje, Colméia de Artes, Lages/SC
1983
Coletiva de Gravadores, Casa da Gravura, Curitiba/PR. Verão 83, Galeria Momento de Arte, Curitiba/PR
1984
Brazilian Printmakers from Casa da Gravura, Ohio, EUA. Coletiva Gravadores 84, Casa da Gravura, Curitiba/PR. VI Mostra de Gravura Cidade de Curitiba/84 – Pan-Americana, Curitiba/PR. Criadores Plásticos na Colméia Hoje – CEU, Curitiba/PR. Rotativa Criadores Plásticos, Galeria Masson, Curitiba/PR. Mulheres nas Artes Plásticas, Galeria Masson, Curitiba/PR.
1985
Gravadores Paranaenses, FCC, Itinerante, Joinville, Cuiabá, Curitiba.. Pintores do Paraná, Galeria de Arte Banestado, Curitiba/PR. Pintores de Curitiba, Projetos Cores e Formas, SESC, Curitiba/PR
1986
Jóia Brasileira – Coletiva de Natal, Caixa de Criação Galeria de Arte, Curitiba/PR. VII Mostra da Gravura Cidade de Curitiba, FCC, Curitiba/PR
1987
Artes Plásticas – Curitiba/87, Casa da Gravura, Curitiba/PR. Exposição do 3º Aniversário, Caixa de Criação Galeria de Arte, Curitiba/PR. Arte Útil, Caixa de Criação Galeria de Arte, Curitiba/PR. Pinturas: O Nu como Tema, MGV, Curitiba/PR. Coletiva de Artistas Paranaenses, Galeria Saint Germain de Prés, Curitiba/PR
1988
Aquisições 88. Museu Municipal de Artes, Curitiba/PR. VIII Mostra da Gravura Cidade de Curitiba, FCC, Curitiba/PR
1993
3 Gravuristas no Andersen, Carlos H. Tulio, Orlando Dasilva, Violeta Franco. Museu Alfredo Andersen, Curitiba/PR. 1ª Coletiva de Artistas Plásticos, Escritório de Arte Fauzie Sabbag, Curitiba/PR. Orientadores 93, Museu Alfredo Andersen, Curitiba/PR
1994
Artistas Paranaenses, Geração 60, Museu de Arte de Joinville, Joinville/SC
1995
Cantos del’Alma de un Hombre Sincero, Espaço Mario de Andrade, Fundação Memorial da América Latina, São Paulo/SP.
1997
Quatro Mulheres: Violeta Franco, Ida Hanneman de Campos, Helena Wong, Adalice Araújo, Galeria da Caixa, Curitiba/PR
1998
Arte Paranaense: Movimento de Renovação. Galeria da Caixa, Curitiba/PR..
Do vermelho ao verde o amarelo se perde
Quando as araras cantam nas florestas natais
(Guillaume Apollinaire, 1912)
Coincidentemente talvez, por ter em seu nome a referência a cor e a flor, quando pensamos na artista Violeta Franco lembramos exatamente de cor e flor; se isto não é uma verdade para toda a sua obra, ao menos é para parte dela, englobando a sua produção recente.
“Da cor, a cor, das cores…. “ eis Violeta que “cresce como o sol da época terciária”, lembrando Blaise Cendrars, provavelmente se referindo aos Delaunays, “a pintura se torna esta coisa enorme que anda/ A roda/ A vida/ A máquina/ A alma humana …”, assim podemos também descrever a pintura de Violeta.
Ela entra para o mundo das artes plásticas muito cedo, como por acaso, mas seu período de aprendizado foi muito intenso e apaixonado, pois só se torna um grande artista com paixão. Curitiba era uma pacata vila e os projetos dela iam muito além do que o ambiente provinciano poderia oferecer. A insatisfação e o conflito com o tradicional aparecem logo pelas leituras que faz, Franz Kafka, e fornecem as bases para sua paixão pelo expressionismo alemão presente desde as primeiras obras.
Foi Guido Viaro quem primeiro lhe orientou na pintura mas, principalmente, foi o curso de gravura que Poty Lazzarotto deu em Curitiba quando de seu retorno de Paris, é que determinaram o caminho que Violeta seguiria. Ambos artistas são pioneiros da tendência expressionista dominante na Curitiba dos anos 50, ligados à figuração subjetiva, centrado no homem, e tratam com violência formal os fatos do cotidiano. Assim para ela, pintura significa liberdade e gravura, disciplina; notemos que as deformações gráficas inspiradas pelas gravuras foram determinantes para a estética expressionista.
Possivelmente foi através de Poty, por sua vez influenciado pela obra gráfica de Käthe Kollwitz e pelo cinema expressionista alemão, é que Violeta desperta sua paixão expressionista. O expressionismo, como bem explica Maria José Justino, foi a modernidade no Paraná e abriu o espaço para a abstração.
Através do curso de Poty ela conhece o grupo dos jovens artistas paranaenses, alguns deles alunos da recém criada Escola de Música e Belas Artes do Paraná, e como ela insatisfeitos com o clima artístico pacato e conservador; Violeta instala então o seu atelier na garagem da casa de seus avós, ambiente livre e descontraído, denominado de a “Garaginha”, propício para as discussões artísticas e intelectuais que questionavam os movimentos artísticos. As informações vinham através de um freqüentador dos debates, o industrial Mário Romani era quem trazia da Europa livros e revistas principalmente as que tratavam da arte moderna no momento e no local onde ela estava sendo produzida.
Quero destacar aqui a importância da revista Art d’Aujourd’hui que circulava na Garaginha e foi em Paris, entre os anos de 1949 a 1955, o veículo de defesa da abstração e a expressão da modernidade; Léon Degand, crítico belga responsável pela instalação, sendo também o primeiro diretor, do Museu de Arte Moderna de São Paulo colaborava com a revista, junto com Michel Seuphor, e levantavam questões em torno do dilema abstração-figuração.
Aberto o espaço, Violeta deixa o movimento de renovação nas mãos dos outros companheiros para continuar sua formação em São Paulo e voltar para Curitiba em 1970 trazendo então uma obra madura. Lá ela freqüenta os cursos do Museu de Arte de São Paulo, faz amizades com artistas e intelectuais paulistas, vê pinturas, gravuras, esculturas. Pinta retratos mostrando a sua fascinação pela figura humana, herança expressionista, tratada com massas de cor e textura, reforçadas pelo uso da colagem; no Retrato da avó, de 1963, o material pictórico denso é produzido por recortes de tecido de vestidos que pertenceram à sua avó. A liberdade expressiva de Violeta é intuitiva e visceral e que não teme desrespeitar as normas das misturas cromáticas. Ela não procura a pureza, ela quer a expressão e vai em busca do signo como vestígio, ou como neste retrato, da alegoria, do objeto contaminado pela realidade que ela pretende representar.
Esta pesquisa de matéria e de cor que sucede é o resultado do encontro de dados reais, acontecidos, e de dados formais, uma dialética entre o real e o imaginário que logo tornam o tema dos quadros mero pretexto para a investigação pictórica. Por vezes ela retorna à gravura para controlar a sua vontade caótica; a gravura é para Violeta o que o cubismo foi para Tarsila, “o serviço militar obrigatório”, a chamada à ordem.
Desde 1964 e ainda em São Paulo, começam suas pesquisas sobre a flora brasileira, a base dela está na ocupação de seu pai que era geólogo, naturalista, que enfatizava a necessidade de conhecer “o que é nosso”, a nossa paisagem, a nossa cor. Depois conhecerá Burle Marx. Mas a planta, o retrato ou o animal são seus pretextos, o que lhe interessa realmente são os valores plásticos.
O tema do quadro passado para o segundo plano, Violeta vai em busca das massas coloridas, dos ritmos das cores, ao encontro da luminosidade. A coerência expressionista se mantém mas o seu espírito irrequieto leva sua obra a se fundamentar na mudança, nas mutações, nas metamorfoses. As texturas densas e as cores soturnas se tornam mais simples, mais chapadas, mais planas, mais luminosas e, com Delaunay, ela descobre o papel fundamental da cor na prática pictural, que guardam do expressionismo a gestualidade: as vezes são pictogramas circulares ou elípticos outras vezes formas geometrizadas próximas do graffiti, pinceladas translúcidas e cromatismo sutil com um intenso sentimento de natureza, o “churigueresco vegetal” de que fala Jorge Henrique Adoun.
O leque temático se abre da flora para a fauna, além das folhagens aparecem os pássaros, mas podem conter também figuras humanas, formas sempre resultante de uma vivência intensa, incluindo seu papel de mulher e de pessoa humana. Como a pintura sai de dentro, das entranhas, ela também quer mostrar as entranhas da flora e da fauna, as formas vegetais e animais são decorticadas, o que está ali não é o vegetal, a folha, o caule, é o pistilo, a corola, a polpa, os fragmentos de plantas e pássaros – “só aqueles que podem admitir a luz nas suas entranhas, podem traduzir o que se encontra no coração” (Henry Miller, Trópico de Câncer).
Delaunay nas suas “declarações estéticas” afirma que a luz não é um método, mas algo que nos vem da nossa sensibilidade e são os nossos olhos que realizam esta sensibilidade essencial entre a natureza e nossa alma, a natureza cria a ciência da pintura na qual a harmonia é o tema. É a ruptura com o ilusionismo, é a luz mesmo, a luz atmosférica, que Violeta decompõe segundo seus próprios critérios e que são mutáveis, coloca em jogo uma espacialidade na qual a ausência da linha do horizonte, reduz consideravelmente a profundidade de campo. O tema é todo plástico na pintura e é ao mesmo tempo a expressão pura da natureza humana, é abstração no qual o real ainda está ali, é gravitação, é imensidão solar como na referência de Cendrars, é a natureza, a forma das plantas cuja legibilidade da representação da imagem é assegurada pelo caráter “icônico vestigial” (Cottington, D.) do tema escolhido.
Violeta por vezes mergulha na abstração, não por muito tempo, pois cada quadro seu é uma abordagem na qual o quadro mesmo pede a solução. Pintar é produzir um mundo, não reproduzir uma imagem do mundo; o processo do quadro depende dele mesmo, vai sendo criado junto com a construção do mesmo quadro. É intuitivo, exigiu a gestualidade, o gesto largo, o gesto que reproduz a memória do mundo vegetal ou animal. Estas novas figuras se distinguem do figurativo, elas são figurais como diz Lyotard, reclamam a estrutura e o contorno que impedem a intrusão do figurativo e o lugar, o espaço, é conceito luminoso, espaço não-construído, espaço composto, espaço que anula espaço, por isso sem horizonte, sem fundo. É o espaço nômade, o espaço alargado, produzido pelo olhar nômade que é o olhar de Violeta, olhar que não se fixa, que não para na procura sempre de novos mundos, olhar que se desloca e só tem como possibilidade o movimento.
Reynaldo Bairão, numa crítica de 1971, fala de “matéria estranha” e de “estranhas folhagens”, sim há o estranho, o estranhamento, próprio desta visão
nômade, na qual a imagem é energia e não figuração, é sensorialidade, é o ser selvagem, é o “desvario anacrônico cromático”, segundo o mesmo Bairão; é o mundo tornado mundo pela cor onde as cores são os “raios do mundo” (de Husserl via Merleau-Ponty).
A partir dos anos 90, suas cores ficam mais suaves, mais lúcidas e transparentes, ela aplica camada sobre camada de tinta até considerar que conseguiu o valor cromático e a impressão de espaço correspondente a sua idéia de pintura, sempre com uma composição dissonante e imprevisível que, por isso, não a deixa cair na repetição ou na rotina. Quando a violência ou a agressividade da cor é muita Violeta a reduz com veladuras claras que abrem os espaços e deixam o fundo respirar, outras vezes, quando a suavidade e a transparência são exageradas ela novamente vela com cores fortes e opacas que parecem avançar ou recuar, descer ou subir.
Estas veladuras, feitas com rolo e não com o pincel, tomam conta do espaço todo da tela, incluindo a sua moldura, mas garantem ainda o ritmo pictórico vital, o movimento dramático que da aparente geometria procuram a liberdade da intuição, do dinamismo. Com o entrecruzamento dos planos cromáticos, dos grafismos gestuais, das veladuras que velam ou revelam, da ausência de perspectiva, Violeta inventa uma escritura plástica que tem seu universo de formas e símbolos encontrados na cor, no grafismo e na composição.
No Tríptico dedicado a José Martí (poeta e revolucionário cubano, 1853-1895), de 1995, ela não procura nenhum efeito realista ou pitoresco apesar dos títulos: Martí jovem, Martí poeta e Martí revolucionário ou A morte do Poeta; o tríptico mostra uma outra figuração cuja composição é marcada pelo uso de linhas curvas e de formas que estão ali como testemunhas, não procuram nenhum diálogo, formas estilizadas e harmoniosas propícias a uma contemplação. São poéticas, mas não literárias, e a paz da meditação é interrompida com a morte do poeta, pela violência cromática das tonalidades quentes que cortam a harmonia das linhas curvas, mas sendo tinta e não sangue ela equilibra a composição do quadro ao mesmo tempo que torna descontínua a seqüência de formas transparentes e cristalinas.
Assim é a obra de Maria Violeta Franco de Carvalho, que apesar da consciência que tem dos problemas políticos, sociais e culturais do Brasil não produz uma obra panfletária, o discurso da arte contemporânea é sobre si mesmo, e ela não faz concessões, nem sequer na denominação das obras, pois o que ela nos apresenta é pintura mesmo, é a expressão pura da natureza humana, com toda a sua liberdade e que ela procura dominar com humildade pela disciplina técnica da gravura, é a eterna luta entre o Apolíneo e Dionisíaco em busca da beleza e do prazer, do prazer do olhar, pela atração que os efeitos luminosos e cromáticos proporcionam pois “a inspiração e a clara visão pertencem àqueles que descobrem os limites mais belos e mais fortes” da natureza (Delaunay, Réalité, peinture pure, 1912).
Por: Fernando Antonio Fontoura Bini
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