O Ministério Público protocolou nesta terça-feira (5) um requerimento na Secretaria Municipal de Educação de Londrina determinando o recolhimento no prazo de cinco dias dos 13,5 mil livros da Coleção “Vivenciando a história e a cultura afro-brasileira e indígena”.
A secretaria encaminhou nesta quarta (6) uma orientação as escolas ordenando o recolhimento dos livros.
O conteúdo dos livros foi questionado pelo Fórum de entidades negras de Londrina que identificou passagens que reforçariam o preconceito racial.
Em entrevista, o promotor dos Direitos Constitucionais, Paulo Tavares, explicou que após a manifestação do Fórum estudiosos da cultura indígena foram consultados e confirmaram que a coleção apresenta pontos considerados ofensivos tanto em relação ao negro como ao índio.
Os livros devem ser recolhidos das escolas da rede municipal e a Secretaria de Educação deverá montar uma comissão específica para avaliação de conteúdo de outros livros que haja interesse do município, antes da aquisição.
“Imagens que deixam, por exemplo, o próprio negro em situação de submissão, humilhação. Não se mostra nenhum negro que tenha alcançado sucesso na sociedade. O conteúdo é altamente preconceituoso, tem um trecho, por exemplo, uma poesia que é trazida ‘A borboleta de manhã bem cedo, uma borboleta saiu do casulo, era parda e preta, foi beber no açude viu-se dentro da água e se achou tão feia que morreu de mágoa. Ela não sabia que Deus deu para cada bicho a cor que escolheu, Deus ralhou com ela, mas deu roupa nova azul e amarela’. Com certeza, não há algo mais cruel para ser dito a uma criança parda e preta”, exemplificou o promotor.
A secretaria ainda deverá informar ao MP quantos exemplares da Coleção foram comprados, como foi feita a escolha do material e sua aquisição. O MP aguarda o encaminhamento do processo de compra do mesmo. A secretária de Educação não foi localizada para comentar a determinação do MP.
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