Em sua quinta edição, o Prêmio Porto Seguro de Fotografia 2005 lançou um tema amplo para seus concorrentes, 60 Anos… Brasil. A construção de Brasília foi o ponto de partida para destacar o período e, dessa maneira, foi natural que o prêmio especial tenha sido concedido a Thomaz Farkas, que realizou emblemático trabalho sobre a capital federal. Mas a escolha de seu nome para essa homenagem não se deu somente por causa dessa série, é inegável a importância de Farkas na história da fotografia brasileira por toda a sua produção.
Além de Thomaz Farkas, o Porto Seguro de Fotografia 2005 também premiou Marcelo Zocchio, Tom Lisboa, Lucille Kanzawa e o grupo formado por João Castilho, Pedro David e Pedro Mota. As obras de todos eles e de mais outros 17 selecionados estarão reunidas em exposição que será inaugurada hoje para convidados e amanhã para o público no Espaço Porto Seguro, nos Campos Elísios. É uma oportunidade de entrar em contato com a produção contemporânea fotográfica e com uma seleção de obras importantes do grande Farkas – na mostra estão seus trabalhos sobre os primórdios de Brasília, mas também alguns outros de sua fase surrealista e de seu período como integrante do Fotoclube Bandeirantes.
Como diz Cildo Oliveira, curador e criador da premiação, o Porto Seguro é considerado hoje um dos mais relevantes pela comunidade fotográfica. Vale citar já a comissão julgadora, formada neste ano pelo crítico Rubens Fernandes Junior, pelos fotógrafos Eustáquio Neves, Maureen Bisilliat, João Primo e Walter Firmo e pela historiadora e crítica Rosely Nakagawa. “Fico amedrontado porque é muita responsabilidade apresentar anualmente de forma séria e justa a produção contemporânea”, diz Cildo Oliveira. Fazendo um pequeno balanço do que apareceu nas inscrições, o curador afirma que, nesta edição grande, parte dos trabalhos eram em preto-e-branco, que o tema da religiosidade foi menos freqüente e que muitos fotógrafos vêm se dedicando a fazer belos registros de paisagens.
Thomaz Farkas recebeu o prêmio especial de R$ 25 mil. O projeto coletivo Paisagem Submersa, dos mineiros João Castilho, Pedro David e Pedro Mota, ganhou R$ 12.500,00 na categoria Brasil – eles retrataram o cotidiano de comunidades vizinhas da Usina Hidrelétrica do Irapé, que sofrem com inundações freqüentes.
Já Marcelo Zocchio, que com a série Repaisagem discute o tema urbano, e o curitibano Tom Lisboa, que apresenta polaróides em espaços públicos – uma obra-aberta inserida na cidade –, foram escolhidos na categoria Pesquisas Contemporâneas (receberam, cada um, R$ 12.500,00). E Lucille Kanzawa apresentou seu trabalho sobre a comunidade Yuba, de imigrantes japoneses, no interior de São Paulo, e levou o Prêmio Revelação de R$ 7 mil.
Dos selecionados nessa edição, vale destacar o trabalho de Gleice Mere, que coloca lado a lado o passado e o presente em cenas com personagens de Brasília; a pesquisa colorida de Francilins Castilho sobre a prostituição em Belo Horizonte; e as paisagens de Paulo Baptista.