Símbolo da resistência inteligente e bem-humorada à ditadura militar, os trabalhos do cartunista Henfil poderão ser vistos, até dia 25 de setembro, no Centro Cultural Banco do Brasil de Brasília. Sucesso no CCBB Rio, onde recebeu uma média de mil visitantes por dia, a exposição Henfil do Brasil chega completa à Capital, trazendo 500 originais escolhidos pelos curadores, o crítico de arte Paulo Sérgio Duarte e a produtora Júlia Pelegrino, com o auxílio do filho de Henfil Ivan Cosenza de Souza, que tentava organizar a mostra havia dez anos.
Os trabalhos foram selecionados em um acervo da família, que reúne mais de 15 mil peças marcadas pelo humor e a genialidade do artista – o que tornou a escolha bastante difícil. “Selecionamos trabalhos que mostram a variedade e a visão histórica de Henfil”, revela Duarte. “A exposição é uma homenagem ao meu pai e uma oportunidade para as novas gerações conhecerem o trabalho dele”, diz o filho de Henfil.
Além de ampliações dos detalhes de alguns originais feitas especialmente para a mostra, para que o público perceba melhor a qualidade do desenho do cartunista, haverá revistas e álbuns que poderão ser manuseados pelos visitantes. A exposição é dividida em seis blocos e mostra cada um dos 27 personagens criados pelo artista entre as décadas de 60 e 70 – e continuam atuais. Por meio de Fradins, Zeferino, Graúna, Bode Orelana, Delegado Flores, Ubaldo e outros personagens, Henfil lutou pelas Diretas Já e criticou a desigualdade social, a fome, a corrupção, a violência, o conservadorismo, o racismo e, principalmente, os pilares da ditadura no País.
“Ele tinha a capacidade de ver adiante e captava os sentimentos das pessoas. Sabia previamente os rumos que tomariam o comportamento político e social e trabalhava de uma maneira diferente dos outros cartunistas: em vez de criar em cima das conseqüências dos fatos, trabalhava as causas. Por isso, seu trabalho continua atual. Os problemas abordados por ele continuam os mesmos”, explica Ivan Cosenza de Souza.
Mineiro, Henfil nasceu em fevereiro de 1944 e aos 20 anos começou a carreira na revista Alterosa. Foi autor de caricaturas políticas no Diário de Minas e fez charges para o Jornal dos Sports, do Rio. Mas ficou conhecido em todo o País com o sucesso no tablóide Pasquim, a partir de 1969, época em que também trabalhava no Jornal do Brasil. Em 1970 lançou a revista Os Fradinhos. Colaborou nas revistas Visão, Realidade, Placar e Cruzeiro. Com Oswaldo Mendes, escreveu a peça A Revista do Henfil. Escreveu, dirigiu e atuou no filme Tanga – Deu no New York Times e criou o quadro TV Homem, no programa TV Mulher, da Globo. Como escritor, publicou os livros Hiroxima, Meu Amor (1966), Diário de um Cucaracha (1976), Dez em Humor (coletiva, em 1984), Diretas Já (1984) e Henfil na China (1984), Fradim de Libertação (1984) e Como Se Faz Humor Político (1984). Como o irmão sociólogo Betinho de Souza, Henfil era hemofílico. Em uma transfusão, ele contraiu o vírus da aids e morreu em janeiro de 1988, aos 43 anos.
Henfil do Brasil
CCBB Brasília
De 19 de julho a 25 de setembro
De terça a domingo, das 10 às 21 horas
SCES Trecho 2, Lote 22
Tel.: (61)3310-7087
Entrada franca
E-mail: ccbbsb@bb.com.br