Suicídio de Vargas foi um ato político e evitou que a oposição chegasse ao poder, adiando o golpe por dez anos!
O fim da década de 1920 e o começo dos anos 1930 foram um marco na história mundial. A crise de 1929 nos EUA, a ascensão do fascismo na Itália e do nazismo da Alemanha são só alguns exemplos de fatos que mudaram a trajetória do mundo. No Brasil não foi diferente. O país vivia uma grande transformação política que colocava fim à oligarquia cafeeira e dava início a uma longa fase da política brasileira: a Era Vargas. Com um golpe, Getúlio Vargas assumiu a presidência e se manteve durante muito tempo no poder, com sua trajetória chegando ao fim com o seu suicídio.
A morte do ex-presidente se deu em um contexto de bastante tensão. Com a oposição no congresso nacional e uma rejeição pela classe empresarial, principalmente por suas medidas sociais e estatais, a tensão em relação ao seu governo aumentava. A situação ficou ainda pior quando o presidente foi acusado de ser o mandante do atentado contra o jornalista Carlos Lacerda, um de seus principais opositores. Com o pedido de renúncia feito pela oposição, Vargas escreve uma carta em seu gabinete e põe fim a sua própria vida no dia 24 de agosto de 1954.
“O suicídio de Getúlio Vargas foi um ato político. Suicidando-se, ele evitou que golpistas, representando interesses reacionários e antinacionais, chegassem ao poder. Com esse ato extremo, Getúlio deu uma sobrevida de dez anos à democracia brasileira, até que o golpe civil-militar de 1964 instaurasse, entre nós, uma ditadura que durou 21 anos”, explica Nilton Cesar Nicola, doutor do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da FFLCH USP.
A Era Vargas, período em que o político governou continuamente durante 15 anos, foi dividida em três partes: o Governo Provisório, período que perdurou de 1930 até 1934 com uma nova constituição colocando Vargas no poder novamente; o Governo Constitucional, que durou até 1937; e o Estado novo, instaurado por uma ditadura que durou até 1945, justificado por uma suposta “ameaça comunista”.
Em 1951, Vargas voltou ao poder por voto popular tendo seu mandato interrompido com sua morte.
Segundo Nilton, “Getúlio Vargas foi a figura dominante na política do Brasil por 24 anos. Candidato derrotado da Aliança Liberal à presidência da República, liderou a Revolução de 1930, que o levou ao poder. Em 1937, desencadeou o golpe que o fez ditador, instituindo o Estado Novo, que durou até 1945. Pode-se dizer que os ‘Getúlios’ de 1930 e o de 1937, de perfis autoritários, são semelhantes. E que o de 1950, eleito democraticamente e com um projeto de governo progressista, é diferente dos ‘Getúlios’ anteriores”.
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