As mulheres no Contestado

Rosa Pais de Farias, filha do líder Chico Ventura, fazia as bandeiras do movimento e os uniformes dos Pares de França. Morou e morreu em Lebon Régis, no meio-oeste catarinense.

Embora pouco reconhecidas pela literatura e registros da Guerra do Contestado, as mulheres tiveram um papel fundamental no conflito. Duas se destacaram na guerra por sua bravura: Maria Rosa, filha de Elias de Souza e Francisca Roberta, mais tarde conhecida como Chica Pelega.
Maria Rosa, aos 15 anos, em meio a orações, entrava em transe e discursava dizendo receber ordens do monge José Maria. Durante os transes tinha visões de batalhas e, daí em diante, era ela quem definia as ordens recebidas pelo espírito do monge para organizar o comportamento do grupo. Com o passar do tempo, além de líder espiritual, a virgem Maria Rosa se transforma em chefe militar e comandou a retirada estratégica, após a primeira batalha de Taquaruçú, em 1913, para o novo reduto em Caraguatá.
Chica Pelega, já respeitada em Taquaruçú por seu conhecimento e trato com ervas medicinais fica no reduto cuidando de doentes, velhos e crianças. Em 1914, as tropas do governo atacam novamente Taquaruçú onde ela luta bravamente.
Chica Pelega morre quando a igreja, tomada pelo fogo, desaba em cima do galpão onde se encontravam mais de 300 pessoas.
Rosa Paes de Farias, filha do grande líder Chico Ventura, foi uma das últimas sobreviventes da guerra e viveu até os 98 anos. Fazia as bandeiras de guerra e os uniformes dos Pares de França, tropa de elite dos revoltosos. Jamais se arrependeu da resistência. Afirmava: “Nós estávamos aqui e vieram nos atacar. O que havíamos de fazer? Resistir. Houve muita morte de lado a lado. Mas muito soldado passou para o nosso lado”.
O papel das mulheres menos conhecidas também foi fundamental. Enquanto os homens lutavam em várias frentes de combate elas cuidavam dos filhos, dos doentes e da obtenção e preparação de alimentos. Ao final da guerra foram tão humilhadas e maltratadas quanto seus maridos e filhos.

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