A Cabanagem foi o mais importante movimento popular do Brasil. Foi o único em que representantes das camadas humildes ocuparam o poder em toda uma província.
A decadente economia da província do Grão-Pará, que englobava os atuais Estados do Pará, parte do Amazonas, Amapá e Roraima, se baseava na pesca, na produção de cacau, na extração de madeiras e na exploração das drogas do sertão. Utilizava-se a mão-de-obra escrava negra e a de índios que viviam em aldeias ou já estavam destribalizados e submetidos a um regime de semi-escravidão.
Os negros, índios e mestiços compunham a maioria da população inferiorizada do Grão-Pará e viviam agrupados nas pequenas ilhas e na beira dos rios em cabanas miseráveis (daí o nome cabanos, como eram conhecidos).
Liderados a princípio por grupos da elite que disputavam o poder, os cabanos, insatisfeitos, resolveram assumir sua própria luta contra a miséria, o latifúndio, a escravidão e os abusos das autoridades. Invadiram Belém, a capital da província, depuseram o governo que havia sido imposto pelos regentes e assumiram o poder. Formou-se então o único governo do país composto por índios e camponeses.
Entretanto, a radicalização e a violência da massa cabana, a dificuldade em organizar um governo capaz de controlar as divergências entre os próprios cabanos e a traição de alguns chefes, que chegaram a ajudar as tropas e os navios enviados pelo governo central, causaram o fracasso do movimento.
Vencidos na capital pelas forças do governo, os cabanos reorganizaram as massas rurais e continuaram lutando até 1840, quando a província, pela força da opressão e da violência, foi obrigada a aceitar a pacificação.
A Cabanagem deixou um saldo de 40 mil mortos. Era mais um claro exemplo que a classe dominante não admitia a ascensão do povo ao poder nem as manifestações populares que colocassem em risco o domínio político da aristocracia.
Autoria: Roberto Massan