As atividades solidárias fazem parte da cultura brasileira, fato que vem amenizando algumas carências da população, porém que reflete, também, uma característica notável no povo brasileiro: a solidariedade – capacidade de compartilhar dos sofrimentos de outras pessoas e, literalmente, colocar a mão nos fios de lã. Comprovando a solidariedade de nosso povo, a paranaense Cláudia Wosilewski, conta para o Portal Brasil Cultura a historia de sua mãe, Carmem, ganhadora de uma promoção cultural com produção de gorros, que se tornaram os “Gorros da Solidariedade”
– O câncer é uma doença democrática. Não é absurda a afirmação. Esta doença não escolhe raça, credo, sexo ou idade. Todos nós estamos vulneráveis e por isto é preciso olhar em volta. Olhar com olhos solidários.
Quando se recebe a notícia da doença, teoricamente deveríamos ser fortes e otimistas, mas infelizmente não é assim. O chão some e a família fica doente junto. Claro que existe cura, os tratamentos estão cada vez mais avançados e a medicina sinaliza novos medicamentos.
O que podemos fazer? Podemos nos engajar em sistemas de voluntariado ou fazer ações isoladas, porém diretas. Quero contar a experiência que tenho tido em quase sete anos.
Meu irmão faleceu com câncer de intestino em 2002, minha mãe começou a fazer gorros com sobras de lã, para quem faz quimioterapia e perde o cabelo. Outras pessoas sensibilizadas com a sua atitude começaram a fazer doações de pequenos novelos de cores e espessuras diferentes. O que a princípio era uma terapia se transformou em uma campanha. Quando ela fez 80 anos não queria presente, só um novelo de lã de cada convidado, o cálculo era de 50 novelos, mas ganhou 160 novelos. Aí já faltavam mãos. Várias pessoas dispostas a ajudar vinham a nós buscar lã e depois entregavam os gorros prontos. Há dois anos atrás entrei em um concurso de uma fábrica de lã, onde deveria contar uma história ligada ao tricot ou crochê. O prêmio era uma tv e mais 100 novelos de lã. Não tive dúvida de quebrar o nosso anonimato e tornar pública esta história tão verdadeira. Afinal a minha mãe começou a tricotar com apenas cinco anos de idade. E aí vieram mais 100 novelos, a tv e mais gente ajudando.
É assim que as coisas acontecem. Começam pequenas e ganham volume e credibilidade. O que sugiro é que quem faz artesanato, não deixe acumular sobras de tecido ou lãs. Tudo se transforma. Gorros e cachecóis são fundamentais nas regiões de clima frio, e como por várias vezes ouvimos “aquecem o coração”. Não se trata de caridade e sim de solidariedade.
Para doações nas cidades grandes, procure os hospitais que tem especialidade em oncologia. Sempre existem grupos que atuam para todo tipo de benefício a estes pacientes. Nas cidades menores procure as Secretarias Municipais de Saúde, lá você vai ficar sabendo a quantidade de pessoas em tratamento e assim poderá ajudá-los de forma mais direta.
Me coloco a disposição através do e-mail gorrosdasolidariedade@gmail.com ou do telefone 041- 9603-8631, para outros esclarecimentos.
A semente está plantada, fique a vontade de regar e produzir.
Cláudia Wosilewski