Dia do Rádio e do Radialista – 21 de setembro

radialistaDois fatores foram essenciais para o investimento e o conseqüente desenvolvimento do rádio: a disputa de novos mercados para a produção industrial em expansão, após a Primeira Grande Guerra, e a salvaguarda da vida no mar.

Das interferências e ruídos dos primeiros aparelhos de rádio, pesados, enormes e à válvula, aos pequenos, leves e modernos rádios de transistores, muita pesquisa e empenho foi necessário.

Dois nomes foram de extrema importância para o desenvolvimento do rádio. Segundo registra a história e a data de registro da patente, o italiano Guglielmo Marconi foi o responsável pela invenção do rádio.

No entanto, também se cogita que um padre brasileiro, chamado Roberto Landell de Moura, teria sido o primeiro a transmitir a voz humana sem auxílio de fios.

 

A patente para o seu invento, no entanto, só foi conseguida depois que Marconi já havia patenteado sua invenção.

No Brasil, a primeira transmissão radiofônica aconteceu no dia sete de setembro de 1922, em um evento de comemoração pelo aniversário de 100 anos da independência.

Uma estação de rádio foi instalada no Corcovado e, além de música, emitiu o discurso do então presidente da República, Epitácio Pessoa.

Em 1923, foi fundada por Roquete Pinto a primeira emissora de rádio do país: a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro.

O profissional de Radialismo é responsável por criar, produzir e dirigir programas para rádio e televisão.

Para isso o radialista deve ter conhecimentos de conceitos de Comunicação Social e de procedimentos técnicos da atividade profissional.

O radialista também produz textos para televisão e rádio e trabalha com narração e comentário.

Este profissional pode exercer as funções de comunicador social em emissoras de TV e rádio, pode escrever ou adaptar roteiros, além de organizar e dirigir programas de rádio e televisão.

 

O rádio, a televisão e o radialista
 Em pouco tempo, a radiodifusão compreendida como “transmissão de som e de imagens por meio de ondas de radiofrequência que se propagam eletro-magneticamente através do espaço” será radicalmente ampliada. Com a transferência de tecnologias, rádio e TV digitalizados diversificarão seus potenciais – pelas ondas sonoras passarão, simultaneamente, conteúdos múltiplos. O cenário impõe que radialistas e radiodifusores repensem o setor, adequando formas de sustentabilidade e de trabalho. Profissionais precisam qualificar-se constantemente, incorporar as novas técnicas e, ao mesmo tempo, imprimir nelas seu conhecimento – o futuro da radiodifusão é imprescindível essa mescla de saberes.
O rádio e a televisão aberta ainda representam os meios de informação e de entretenimento mais importantes para a maioria da população no Brasil – 88,9% dos domicílios brasileiros possuem rádio e 91,1% possuem televisão, conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2008, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística-IBGE. No decorrer dos 87 anos de existência do rádio e 59 anos da TV no Brasil, a competência e a criatividade dos profissionais do setor ganharam o país de um extremo a outro.

Aonde a digitalização os levará?
Responsáveis por atividades, como locução, operações técnicas, narração, direção, roteiro, projetos e criação, por exemplo sendo 21 delas de nível acadêmico – são 94 as funções do radialista, de acordo com a lei –, esses profissionais convivem constantemente com a incorporação de novas tecnologias, desde os primórdios da radiodifusão. Essas mudanças são acompanhadas pela constante qualificação desses operadores da “máquina” da radiodifusão, seja no âmbito técnico, seja no administrativo, seja na produção.
Na fase atual, em que o setor está se digitalizando, a migração de um sistema radiofônico analógico para a tecnologia digital causa impacto muito além da transmissão. A elaboração e a forma de lidar com o substrato da radiodifusão se alteram radicalmente, seja para exibição ao vivo ou para a editada.
A principal mudança nos processos tecnológicos nessa área é que eles passarão a trabalhar com TI (Tecnologia da Informação), garante o engenheiro Marcus Manhães, pesquisador, especialista em radiodifusão digital. “O mundo da informática na comunicação vai para dentro da emissora”, explica. Rádio e TV digitais passam a utilizar dispositivos que se comunicam basicamente por dados, por internet, padrões de comunicação interna estruturados pela TI.

Num cenário assim, o que o futuro reserva para os radialistas? A chegada do rádio, há 87 anos, colocou em xeque a vida dos periódicos impressos. A implantação da televisão, há 59 anos, pôs em risco a existência do rádio. O tempo, porém, tratou de absorver cada veículo com suas características e fins diferenciados. Todos sobreviveram – e se desenvolveram. A informática e a popularização da internet, a entrada das empresas de telefonia na transmissão de conteúdo audiovisual decretarão a morte do rádio e da televisão?
Eduardo Meditsch, autor do livro O Rádio na Era da Informação: Teoria e Técnica do Novo Radiojornalismo (Editora Insular, 2007), coordenador do Programa de Mestrado em Jornalismo na Universidade Federal de Santa Catarina, propõe pensar o rádio como uma criação cultural, com suas leis próprias e sua forma específica de mediação sociotécnica. “A existência de uma emissora de rádio em particular, e do rádio em geral como instituição, não pode mais ser atrelada à natureza dos equipamentos de transmissão e recepção utilizados para lhes dar vida, mas sim à especificidade do fluxo sonoro que proporcionam e às relações
socioculturais que a partir dele se estabelecem”, justifica Meditsch no artigo Novos tempos, velhas idéias: ou o ancião chamado rádio digital, publicado no site Caros Ouvintes, em 27 de setembro de 2008.
Conforme Meditsch, as empresas jornalísticas já descobriram que seu produto é a informação, não o calhamaço de papel. Porém, as empresas de rádio continuam pensando que seu negócio é a posse de um canal. “Transmissores, receptores, canais e bandas de frequência são meros suportes da criação cultural, conceito que representa melhor o aspecto mais intangível e ao mesmo tempo mais concreto do rádio”, afirma Meditsch. E propõe: “É oportuno investigar o que exatamente está sob risco. Será um modelo de uso da tecnologia (a instituição social), será um modelo de negócio (a indústria), será um hábito intelectual (a criação cultural)?”
Alguns especialistas entrevistados para esta reportagem concordam que a digitalização e o desenvolvimento da internet ampliam o mercado de trabalho para o radialista – a atividade pode ser exercida, por exemplo, nas empresas de web-rádio, que trabalham conteúdos de áudio, vídeo e fotos pela web. Os podcasts (arquivos digitais de áudio transmitidos pela rede www), já bastante
comuns nos sites das próprias emissoras de rádio e de instituições públicas e privadas, são um exemplo de transferência das ferramentas de áudio para os meios digitais, onde o radialista pode atuar. E há ainda o material produzido e adaptado para o celular – o que inclui as empresas telefônicas no negócio de transmissão de conteúdo audiovisual, aumentando, por consequência, as possibilidades de trabalho do radialista.
O mercado se expande. “Com as perspectivas tecnológicas, trabalha-se com grupos cada vez menores, entretanto, a diversidade de interesses e meios aumenta exponencialmente”, avalia Manhães. A passagem, de uma tecnologia a outra – agora mais radical por envolver a plataforma informática – exige dos profissionais formados há mais de 20 anos um empenho significativo na adaptação à nova linguagem. “Há uma ruptura do pessoal da ‘velha guarda’, que possui um conhecimento generalista, e a entrada de profissionais muito jovens, com menos de 30 anos de idade, e que já trafegam muito bem com esse mundo da informática. Porém, estes têm uma visão completamente fragmentada, pontual”, analisa o pesquisador, ao argumentar que o esforço ocorre em ambas as faixas etárias. “O profissional histórico precisa estar aberto a essas transformações e o mais jovem a aprender muitas das particularidades do cotidiano da radiodifusão, que também é regida por uma regulamentação, pelas leis de mercado, pelo poder da mídia. Além disso, a gente percebe hoje uma complementaridade entre o rádio, a TV, a internet e a mídia escrita. Aí é que a complexidade surge, porque a digitalização converge, mistura as coisas”, reflete Manhães.

A questão trabalhista
A Lei 6.615/1978, que rege a profissão de radialista, é regulamentada pelo Decreto 84.134, de 30/10/1979. Nos termos da lei, a profissão compreende as atividades de administração, produção e técnica, que se subdividem em 94 funções. Os profissionais da área devem obter o registro junto à Delegacia Regional do Trabalho (DRT) – validado, previamente, pelo sindicato da categoria. A ordenação do setor, com as novas tecnologias, precisa, porém, reorganizar-se.

O radialista Nascimento Silva, coor-denador executivo da Federação Interestadual dos Trabalhadores em Empresas de Radiodifusão e Televisão (Fitert), membro da coordenação executiva do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), observa que a prática de alguns empresários de se apoiarem nas tecnologias para trabalhar com quadro de funcionários reduzido, fere a regulamentação da atividade e não confere qualidade ao trabalho. Nascimento enfatiza, nesse sentido, que as grandes empresas, como a Globo – que é inclusive, segundo ele, a que paga melhor seus funcionários –, têm todos os seus quadros completos.
Tomando como exemplo a produção de novelas, Nascimento ressalta que somente na cenografia existem inúmeras funções nas quais o radialista atua: carpinteiro, eletricista, produtor, montador, maquiador, entre outras. E mais: Nascimento destaca que, entre as atividades concernentes aos radialistas, 21 são funções de nível acadêmico. “Não dá para substituir tanta especificidade sem perder na qualidade”, garante o dirigente.
E lembra de uma ocasião, quando uma emissora de TV, por medidas de economia, trocou o quadro de cinegrafistas e enviou para um jogo de futebol em Porto Alegre alguém que não era especialista. “No momento do gol, o cara tava filmando lá do outro lado do campo, porque não era preparado para esse tipo de trabalho. Não era um especialista. Não funcionou”, conta Nascimento.
O dirigente da Fitert informa que a entidade realiza, atualmente, por todo o Brasil, encontros entre os setores jurídicos dos sindicatos para tentar traçar um reordenamento, uma linha política de entendimento da lei.
O assessor jurídico do Sindicato dos Radialistas do Rio Grande do Sul, advogado Antônio Castro, relata que nesses encontros entre os jurídicos se constatou que a Lei 6.615/78 envolve um conjunto de princípios ainda não superados pelo tempo, como a remuneração por responsabilidade. “Se você é contratado para uma determinada função, recebe por ela”, resume Castro. O que está defasado, segundo o advogado, é o Decreto 84.134, que estabelece cada função do radialista. “Nesta questão é que se discute muito o impacto tecnológico, isso pode exigir que se tenha que mexer na descrição das funções”, esclarece.
Para os departamentos jurídicos da categoria, a Lei 6.615 só precisa ser alterada em um ponto: “Estamos postulando uma alteração legislativa para que os radialistas se transformem em ‘Categoria Diferenciada’ [conceito é atribuído àqueles que pertencem a uma classe por definição, onde quer que trabalhem], em função da possibilidade de produção de conteúdo de áudio e vídeo em outros meios”, relata Castro. Desde o ano passado, a Fitert vem dando encaminhamento a essa questão.
José Antônio Jesus da Silva, coordenador do departamento jurídico do Sindicato dos Radialistas de São Paulo, destaca ainda que a Lei 6.615 dá garantias trabalhistas ao radialista. Porém, os empresários a consideram defasada e a combatem. “Chegamos ao entendimento de que devemos discutir conjuntamente, empresários e trabalhadores o anexo 84.134 [anexo da lei dos radialistas que desdobra as funções e as atividades dos radialistas]. Este sim está em desacordo com as tecnologias”, explica Silva.
Para o superintendente de Rádio da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e presidente da Associação de Rádios Públicas (Arpub), Orlando Guilhon, a regulamentação do setor é excessivamente rígida e corporativa. Guilhon, que foi presidente do Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro e diretor da Fitert no período de 1989 a 1995, avalia que a subdivisão da profissão em 94 funções faz do radialista “o especialista do especialista do especialista”. Para ele, essa fragmentação pela lei é uma tentativa de fazer reserva de mercado, quando deveria focar na capacitação. “Vai preservar melhor o seu emprego quem estiver mais capacitado na transversalidade das profissões, das culturas e das ciências. Eu vejo o trabalhador da comunicação cada vez mais como um profissional de formação acadêmica e técnica mais ampla, que possa estar se aperfeiçoando, ao longo de sua carreira, em várias funções”, assinala o superintendente.
Com o cuidado de não confundir a visão de direito adquirido com a visão de futuro, Guilhon reforça que o saber fazer rádio, televisão, comunicação social, caminha numa direção multifacetada e muito integrada. “Não estou vendo nada desaparecer. O que acontece é que as mídias estão conversando umas com as outras e se convertendo numa mesma direção. Quando as teles [telefônicas] começarem a transmitir conteúdo audiovisual, o radialista vai ter de atuar lá também. A plataforma por onde o áudio trafega não importa, mas sim que ele é um especialista do áudio, ou áudio e vídeo”, define o superintendente da EBC. Uso social do rádio
“Transmissores, receptores, canais e bandas de frequência são meros suportes da criação cultural, conceito que representa melhor o aspecto mais intangível e ao mesmo tempo mais concreto do rádio”, afirma Eduardo Meditsch em seu artigo já mencionado. Dessa forma, “se mantém independente do desaparecimento ou da transformação desses hardwares, do uso de novas bandas e de novos canais de transmissão”, avalia o professor.
Para Meditsch, o rádio por cabo, por satélite, pela internet, pelas bandas tradicionais de ondas hertzianas ou pelas novas bandas utilizadas na transmissão digital, independentemente dos muitos tipos de terminais de recepção que tendem a ser utilizados, poderia ser considerado rádio por igual. “A caracterização de sua natureza e identidade e o debate sobre sua sobrevivência no futuro não dependem dos suportes utilizados, mas sim da continuidade de seu uso social de uma determinada maneira, na preservação da modalidade cultural”, reflete.
Além de preocupar-se com o domínio da tecnologia em convergência, o profissional, ao mesmo tempo, precisa ocupar-se do conteúdo – não importa em que plataforma seja veiculado, defende Guilhon. “Ele tem de ter preocupação com valores, éticas, princípios, formatos, gêneros”, aponta.
A diversidade de players digitais e internet fragmentam a audiência. Há mídias de todos os tamanhos, potência, finalidades – móveis ou não. Cada uma reflete, de forma até individualizada, necessidades diferentes. “Uma diversidade de dispositivos tecnológicos que enfrentam diretamente os interesses do público. Há cada vez mais pessoas pagando, inclusive, por esses serviços”, pontua Manhães, avaliando que esta é uma questão também vinculada às gerações, aos comportamentos sociais.
Sustentabilidade
O sistema de radiodifusão enfrenta outro grande desafio com a mudança tecnológica: o esgotamento do modelo de financiamento. A sustentabilidade dos serviços em radiodifusão submetidos à exploração comercial com fins lucrativos deve mudar radicalmente, também, no sistema digital. A televisão e o rádio, que se sustentam desde sempre com a publicidade – cada vez mais disputada –, confrontam-se com a crise desse paradigma.
Na radiodifusão digital, o espectro se multiplica e ganha nova dimensão. “Há fortes indícios de que os atuais modelos de exploração de ondas e de negócio que sustentam a produção de rádio há quase um século estão com os dias contados”, avalia Meditsch. Ele ressalta que quem vivia do pedágio sobre o monopólio da exploração de canais poderá ver a fonte minguar rapidamente. “Se o rádio como modalidade cultural tende a prosseguir existindo, a indústria que o explora terá que se adaptar ou morrer. Já teve que fazer isso outras vezes, no século passado, com o surgimento da música gravada, da televisão e da banda FM: resta saber se essa experiência poderá servir para atenuar as turbulências de agora”, considera o professor no artigo já mencionado.
Cada vez mais, os veículos de comunicação caminham para nichos, e a parte comercial se subdivide entre as mídias. “Hoje já não se consegue vender tudo para todo mundo. O próprio espectro eletromagnético é assim. Há lugar ao sol, mas não para todos ao mesmo tempo. São as contradições do mundo capitalista”, reflete Guilhon. Para Manhães, um novo modelo de negócio na radiodifusão só irá acontecer no momento em que a regulamentação atual do setor ruir. Por enquanto, a exploração das tecnologias digitais neste setor se dá apenas no âmbito da qualidade de imagens. São descartadas as possibilidades de interatividade que a digitalização pode proporcionar. “O obstáculo está no radiodifusor, que vem protelando sua aplicação, porque a interatividade efetiva está inserida num outro modelo de negócio, que é a diversidade de conteúdos e de direcionamento do espectador para fora da programação”, revela o pesquisador. Em situação mais grave está o rádio digital no Brasil. “Não temos uma solução tecnológica que aponte perspectiva de mercado”, afirma Manhães.
O radiodifusor sonoro, hoje, compete com a internet, com o mundo digital, os celulares, mp3. Segundo o pesquisador, as tecnologias propostas, por enquanto, para a digitalização do rádio, melhoram especificamente a qualidade sonora – e mesmo a robustez do sinal –, mas não dão flexibilidade para produzir e difundir outras coisas. Não fornecem uma alternativa ao modelo de negócios. Por isso, na avaliação de Manhães, é muito mais significativo para o rádio, neste momento, o poder político que detém junto à opinião pública do que, necessariamente, as alternativas tecnológicas e suas possibilidades. “Sem perspectiva, o negócio pode acabar”, julga. Uma crise de paradigmas recai sobre a radiodifusão. As vantagens advindas da digitalização do rádio e da TV, da mídia em convergência e os problemas apontados pelos especialistas requerem mais do que o esforço dos radialistas e dos radiodifusores – de forma individual ou conjunta –, por se manterem na cadeia produtiva e na exploração dos serviços. Um novo modelo se impõe, exigindo que sejam criadas políticas públicas para o setor.

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